sexta-feira, 31 de julho de 2020

Sobre a chegada do NOVO NORMAL


  Não vejo a hora,  assim como todo mundo,  de que a pandemia acabe,  ou ao menos afrouxe,  e nos permita por os pés na rua. 

Cada um já sabe o que fará primeiro.

De minha parte,  está decidido:  vou mergulhar numa das salas,  onde há quatro meses,  o cinema ficou mudo, cego e surdo.  Porque,  convenhamos, uma coisa é ver um filme em casa (na TV,  na telinha do PC ou no smartphone),  e outra coisa  é ver um filme num cinema.  Nada contra a Netflix ou similares,  com direito a pijama e pausa para banheiro ou geladeira.  É que para mim o prazer, nesse caso em pauta,  não dispensa um excitante ritual de aprontar-se,  sair de casa,  comprar ingresso ( e um saco de pipocas) e, então, escolher poltrona e esperar que a luz se apague e se acenda a fantasia.

Observação:    A imagem que ilustra nossa postagem é uma cena do filme da GMG, de 1939,  “...E o vento levou  (Gone with the wind,  no original),   com direção de Victor Fleming  e estrelado por Vivien Leigh e  Clark Gable.

Espero que não se trate do NOVO NORMAL de que tanto se fala,  algo que viria para ficar de vez.  No entanto,  eu não tenho ilusões de que no início será tudo diferente,  e até bizarro:  ― eu aqui, e você: dois ou três assentos de distância como determina a normativa sanitária.

Estejamos,  pois,  preparados para novidades anormais.

Não havendo mais a encantadora vizinha de poltrona,  como pegar na mão dela,  beijar,  bolinar,  no escurinho do cinema?   Ter-se-ia  (como Temer costuma dizer em suas mesóclises) que se recorrer a uma mão mecânica na ponta de algo como um pau de selfie,  única forma de alcançar cupidezes carnais a metro e meio de distância.

Crédito da foto:  Google Images

No caso das pernas,  tão acostumadas a avançar,  solertemente,  em direção a outras para fins libidinais,  terá que ser agora no mínimo,  como  as do Pernalonga ― inesquecível personagem da infância cinematográfica de todos nós, e que, aliás, chegou aos seus 80 anos, em grande forma, sem ferrugem nas juntas, nem implantes dentários para roer cenouras.

Crédito da imagem:  Paramont Pictures

Mesmo o beijo entre namorados,  como ficará ele,  nestes tempos que nos impuseram essa espécie de,  com perdão da imagem comparativa,  preservativo facial,  a tal máscara anti-covid.  E por detrás da qual,  como serão sussurradas juras de amor,  quando o NOVO NORMAL chegar?

Crédito da imagem:  Creative Commons

Parte 2 ―   Uma coisa é certa:  A bandalheira continuará no NOVO NORMAL.

Embora possamos estar no escurinho de uma sala de cinema,  ainda que sob aquelas esquisitices que falamos anteriormente, teremos que sair para a rua, finda a sessão do filme. 

Leves,  e mais ou menos soltos,  haveremos de passar diante de bancas de revistas,  e com rabiscos dos olhos sobre as bordas das máscaras,  veremos estarrecidos as mesmices coisas de sempre;  as mesmas notícias daqui e de fora.  As brasileiras e brasilianas,  sem dúvida continuarão a se sobressair às palermadas do Trump, do Putin,  do Kim-Jong-un aquele garotão adoidado da Coréia de Norte.

Não teremos como escapar das patacoadas do ex-Capitão,  ainda nos ares do NOVO NORMAL.   Ele continuará trotando corcéis,  ou mulas mancas,  impávido colosso (como diz o Hino),  propagando para os seus robotizados devotos de carteirinha ou para as emas,  suas vizinhas  a cloroquina e a hidroxi-cloroquina (pra ele é a mesma coisa,  desde que o seu reflexo espelhar,  Trump,  disser que está tomando.  Não importa se o faz de verdade,  ou de mentirinha,  ou se simplesmente quer impressionar o incauto caboclo carioquinha (como de fato o fez) para,  então, desovar os seus 2 bilhões de doses encalhadas.

Crédito da foto:  Facebook  / Twitter

Crédito da foto:  Adriano Machado REUTERS

Ou uma coisa, ou outra,  o fato é que o doutor Jair persiste em intoxicar seus capachos, ou levá-los à morte, enfiando-os  cloroquina e ou hidroxi-cloroquina goelas à baixo.  O motoqueiro abestalhado,  easy rider temporão,    cultiva ainda a memória do seu inspirador coronel torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.  É o que lhe dá prazer.  Talvez seja algo que lhe provoque orgasmo.

O fato é que em sua patológica necessidade de autoafirmação,  provoca as maiores insensatezes,  sem dar-se conta de que,  por seu comportamento doentio provoca o afastamento dos primordiais investidores.  Até será capaz,  se alertado por algum de seus milicos assessores,  dar-lhes uma “banana” e mandar-lhes se foderem,  como costuma se expressar em seu linguajar de botequim de ponta de rua

Crédito da foto:   Jornal de Brasília (divulgação)
  Ainda que venha o NOVO NORMAL, a corrupção continuará de vento em popa.

Em 17 de março de 2014, teve inicio uma operação de combate à corrupção que vinha solapando os cofres e o patrimônio público em dezenas de bilhões.  O esquema de assalto foi criado pelos integrantes do Partido dos Trabalhadores, notoriamente pelo então presidente Luis Ignácio Lula da Silva, e seus lugares tenentes José Dirceu, José Genoíno, João Vacccari Neto, entre outros. 

Crédito da Imagem:       BBC News

Operação denominada Lava Jatoe que tornou-se PROJEÇÃO e RECONHECIMENTO  internacional como eficiência de COMBATE À CORRUPÇÃO,  teve seu início a partir de investigação dos doleiros  Alberto Youssef  (considerado o "marco zero" das investigações que identificaram que Youssef operava às sombras,  após delação no escândalo do Banestado),   e Carlos Habib Chater,  esse dono de um posto de gasolina com um lava-jato,  de fachada, em Brasília,  daí o rótulo dado à Operação.

A Operação conta com 71 fases operacionais autorizadas pelo então juiz SÉRGIO MORO,  durante as quais prenderam-se e condenaram-se mais de cem pessoas,  entre diretores de estatais,  de fornecedores,  e de políticos entre eles o ex-presidente LULA.

Crédito da imagem:  Adriano Cruz  /  Agência Brasil

A Operação Lava Jato  Investiga crimes de corrupção ativa e passivagestão fraudulenta,  lavagem de dinheiro,  organizações criminosasobstrução da justiça operação fraudulenta de câmbio,  e recebimento de vantagem indevida. .

Em 9 de outubro de 2014,  o procurador DELTAN DALLAGNOL calculou que as propinas recebidas pelos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras  e outras estatais,  e órgãos públicos chegavam a ao menos dez bilhões de reais.  Ao defender as delações premiadas como "o motor" da operação,  Dallagnol lembrou que a Lava Jato começou com a investigação de um posto de gasolina suspeito de lavagem de dinheiro,  e chegou ao GIGANTESCO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO, O MAIOR DA HISTÓRIA BRASILEIRA.

Crédito da foto:  Rogério Hoepers  / Twitter

Interesses escusos e sub-répteis visam o fim da Lava  Jato

A mais importante batalha política em curso hoje não é entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal,   mas dentro da Procuradoria Geral da República,  a PGR.

 Responsável pelos inquéritos envolvendo crimes e autoridades federais, a PGR tornou-se um campo minado.    De um lado está o procurador geral Augusto Aras,  indicado por Jair Bolsonaro,  e que quer o apoio do ex-Capitão  para virar ministro do STF.   Do outro,  os procuradores que montaram a Operação Lava Jato.   QUEM VENCER ESSA BRIGA TERÁ O PODER DE POLÍCIA SOBRE OS POLÍTICOS.

Crédito da foto:  Lúcio Tavora   /   Xenhac  / Folha de S. Paulo

Já faz tempo que políticos tentam controlar o alcance da Lava Jato

Ficou clássica a gravação do ex-senador Romero Jucá defendendo um grande acordo nacional com Supremo e tudo e delimitava onde está”.

Depois da declaração de Jucá,  a Lava Jato ainda divulgou a lista com centenas de políticos beneficiados com doações ilegais da Odebrecht e da JBS condenou e prendeu o ex-presidente Luiz Inácio LULA da Silva, grampeou e processou o então presidente Michel Temer e gerou o clima de “todo político é ladrão” ,  o QUE AJUDOU NA ELEIÇÃO DE JAIR BOLSONARO.

Por ironia,  a operação que nasceu sob o governo do PT investigando o PT, cresceu no governo do MDB investigando o MDB  ESTÁ MORRENDO POR ASFIXIA COM O PRESIDENTE QUE ELA AJUDOU A ELEGER.

 De olho na reeleição, a ordem do ex-Capitão é destruir Moro.

Crédito da foto:   André Coelho    /   Valor

Os bolsonaristas de carteirinha já foram avisados:  enquanto o ex-Capitão leva adiante — até aguentar — o figurino "paz e amor",  a ordem é destruir qualquer possibilidade de o ex-juiz Sergio Moro ser candidato à Presidência da República em 2022.

Em conversas restritas,  o ex-Capitão vem enfatizando que a possibilidade de ele ser reeleito é grande.  Mas, para isso,  é importante minar, o máximo possível, as chances de o ex-ministro da Justiça lançar candidatura.  Há, inclusive, uma legenda pronta para recebê-lo: o Podemos,  do senador Álvaro Dias.

 
Crédito da foto:  Veja (divulgação)
Para o ex-Capitão  e aliados,  com a esquerda muito dividida e o PT radicalizando, o “inimigo número 1” a ser abatido é o ex-juiz.  Levantamentos de posse do Palácio do Planalto apontam que apenas Moro tem, hoje,  chances de fazer frente ao ex-Capitão na disputa de 2022 até por dividir a direita e ter uma imagem de mais moderado que Bolsonaro.

Disputa entre Bolsonaro e Moro se acirrará na redes socais.

Crédito das fotos:  Moro - Folha / UOL   -- Bolsonaro:  Paulo Lopes Futura Pr ess

Todos no entorno do presidente reconhecem que há uma longa caminhada até o início da briga pelo Palácio do Planalto.   Mas, no entender dos aliados do ex-Capitão,   é importante criar o máximo possível de dificuldade para Moro.  Isso significa uma ação de peso nas redes sociais,  nas quais só o ex-ministro atualmente rivaliza com o presidente.

 Quem acompanha esse movimento de perto viu,  nas recentes interferências do procurador-geral da República,  Augusto Aras,  na Operação Lava Jato,  uma forma do ex-Capitão levantar possíveis falhas de Moro quando ele era o juiz responsável pelas investigações em Curitiba.

 Em uma sexta-feira (26/06) quatro procuradores da Lava-Jato pediram exoneração por discordarem dos métodos de Aras,  que tem na subprocuradora da República LINDORA MARIA DE ARAUJO,  atual responsável pela condução da operação na PGR,  uma fiel escudeira.   ELA É BOLSONARISTA DE CARTERINHA.

Crédito da foto: Gil Ferreira   /   CNJ  /  Notícias UOL  /  

A interferência de Aras na Lava-Jato remete ao vazamento de dados da operação por meio do site The Intercept.   Mensagens tornadas públicas mostraram que Moro interferiu indevidamente nas investigações,  inclusive orientando como o Ministério Público deveria agir, o que é proibido.

 Moro foi rotulado de "superministro do Bolsonaro"

               Foto:  O então ministro Sérgio Moro, em transmissão nacional denuncia esquema de Bolsonaro 

À época da Vaza-Jato,  Moro era considerado como superministro de Bolsonaro, que o defendeu em várias ocasiões.  Agora, não será surpresa se Aras abastecer o ex-Capitão com informações que as equipes da Lava Jato guardam com muito rigor.

 Moro deve se preparar,  pois, neste momento, ele é o principal adversário a ser combatido pelos bolsonaristas.  Será uma guerra,  uma vez que aliados do ex-juiz estão dispostos a reagir aos ataques,  sobretudo com informações sigilosas do processo que investiga Flávio Bolsonaro no esquema de RACHADINHAS na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Crédito da foto:  Facebook  Flavio Bolsonaro
Crédito da foto:  ÉPOCA / VEJA / ESTADÃO  (divulgação)
Crédito da foto:   Twitter


 


FONTES:  O Estado de S.Paulo  /  A Folha de S. Paulo / Jornal de Brasília / Correio Braziliense  / VEJA  /  ÉPOCA  / ISTO É /  VALOR Econômico /  The New York Times /   UOL Notícias / Facebook / Twitter / 



COMENTÁRIOS:  

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6 comentários:

  1. Parabéns pela EXCELENTE postagem. Leve, descontraída e graciosa, ela vai num crescendo até desaguar nas IMUNDICES DE SEMPRE. Muito interessante. Muito inteligente. PARABÉNS novamente. --- Carlos Henrique Soares. Niterói, RJ

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    1. Olá, Amigo Henrique �� Ficamos GRATOS pelo seu comentário. É, para nós, um grande incentivo. Nossos ABRAÇOS para você, extensivos à Niterói.

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  2. O que faz esse BARRACO primoroso é a credibilidade do seu conteúdo, face às citações das fontes, e o respeito aos autores das fotos e ilustrações. Além de ser MUITO BEM ESCRITO. Um primor redacional. Essa postagem, em particular, ESTÁ DIVINA. Ri muito. Me emocionei às lágrimas. APLAUSOS, Alabi. Márcia Gonzalez Hernandez. -- São Paulo, Capital.

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    1. Márcia, minha Amiga Querida �� Obrigado, muitíssimo obrigado. Quem ficou EMOCIONADO fui eu, ao ler o comentário, e saber que ele partiu de Você, Márcia. Você é uma BRILHANTE JORNALISTA. Sua revista é considerada um veículo fundamental para a atualização, e alimentação intelectual dos Leitores. Bem por isso, sua opinião tem um peso GIGANTE. Aceite meus sentimentos carinhosos. Eles vão juntos às minhas SAUDADES e BEIJOS.

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  3. Tempos atrás se dizia: "Isso é digno de cabo", quando se era feito algo EXCELENTE. --- Não sei por qual motivo, a segunda patente do militarismo tinha essa exaltação. O fato é que hoje cabe melhor: "Isso é digno de general". (E, é bom que se diga logo que NÃO É recomendável se usar a patente de "CAPITÃO", por ser, nas atuais circunstâncias algo um tanto desprezível. --- Dito esse longo intróito, quero dizer em alto e bom som: Esse BARRACO está cada vez mais "DIGNO DE GENERAL". 👋 APLAUSOS MIL ao Autor/Editor. --- Marcelo Hermes da Costa / Pelotas, Rio Grande do Sul, TCHÊ 💫

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    1. Caro Marcelo, ficamos gratos pelo comentário. É MUITO GRATIFICANTE, saber que nossas palavras são acolhidas com tanto afeto. Achamos DELICIOSA e INTELIGENTÍSSIMA sua exposição. Receba nossos ABRAÇOS, extensivos à aprazível e sempre acolhedora Pelotas. Bah, tchê!... Escreva- nos, SEMPRE.

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