16/outubro/2017 às 6h35
Temer diz em carta que há 'conspiração' para tirá-lo do cargo
Documento foi enviado aos deputados e
senadores após divulgação do vídeo de Funaro
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Presidente Michel Temer no Palácio do Planalto - Ailton de Freitas / Agência O Globo |
O presidente Michel Temer encaminhou, na manhã de hojem (16/7) uma carta aos deputados e senadores do Legislativo na qual diz
ser vítima, desde maio, de "torpezas e vilezas" e que, apesar
de "jamais" ter acreditado haver uma conspiração para o retirar do
cargo de presidente da República, agora enxerga esses fatos como
"incontestáveis". Um dos argumentos utilizados pelo presidente é uma
entrevista concedida pelo ex-deputado Eduardo Cunha à revista “Época”. (LEIA AQUI A
ÍNTEGRA DA CARTA)
"Começo pelo áudio da conversa entre os dirigentes da JBS. Diálogo
sujo, imoral, indecente, capaz de envergonhar aqueles que o ouvem. (...) Quem o
ouviu verificou urdidura conspiratória dos que dele participavam demonstrando
como se deu a participação do ex-procurador-geral da República (Rodrigo Janot),
por meio de seu mais próximo colaborador, Dr. Marcelo Miller", avalia
Michel Temer.
No texto, o presidente se diz "indignado" por ser "vítima
de gente tão inescrupulosa". Na entrevista à “Época”, Cunha diz que sua tentativa
de fechar um acordo de delação premiada junto à força-tarefa da Operação
Lava-Jato não foi bem sucedida porque o procurador-geral exigia que ele
incriminasse o presidente da República.
"Esta negativa levou o procurador Janot a buscar alguém disposto",
pondera Temer no documento ao se referir às delações de Lúcio Funaro, apontado
como operador do PMDB no esquema de propina: "Ressaltando que ele, Funaro,
sequer me conhecia", destaca.
O presidente também cita o vazamento dos áudios com conversas dos dirigentes
da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud, em que avalia ficar claro o objetivo de
"derrubar o presidente da República". Temer pontua ainda que nos
áudios Joesley diz que, "no momento certo, e de comum acordo com Rodrigo
Janot, o depoimento já acertado com Lúcio Funaro 'fecharia a tampa do
caixão'".
"Tudo combinado, tudo ajustado, tudo acertado, com o objetivo de:
livrar-se de qualquer penalidade e derrubar o presidente da República. (...)
Afirmações falsas, denúncias ineptas alicerçadas em fatos construídos
artificialmente e, portanto, não verdadeiros, sustentaram as mentiras,
falsidades e inverdades que foram divulgadas", critica Michel Temer.
O peemedebista aproveitou para exibir índices que apontam a retomada do
crescimento do país. Entre eles estão a queda da taxa Selic - que em maio de
2016 marcava 14,25% e, em setembro deste ano, chegou a 8,25% -, e o aumento do
valor exportado, que acumulou US$ 164,603 bilhões desde janeiro de 2017.
"O Brasil não parou, apesar das denúncias criminosas que acabei de
apontar", pondera Temer ao ressaltar a agenda de reformas propostas pelo
seu governo: "O País avança com o teto de gastos públicos, lei das
estatais, modernização trabalhista, reforma do ensino médio, proposta de
revisão da Previdência, simplificação tributária".
Temer ressalta ainda que a carta tem tom de "desabafo", e
afirma que a "armação está sendo desmontada". "É uma explicação
para aqueles que me conhecem e sabem de mim. É uma satisfação àqueles que
democraticamente convivem comigo", destaca sobre o teor do documento.
A carta, com quatro páginas, foi enviada aos parlamentares na semana em
que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara se prepara para votar
o parecer de Bonifácio Andrada (PSDB-MG) pelo arquivamento da segunda denúncia
feita contra o presidente pelo Ministério Público (MPF) por obstrução à Justiça
e organização criminosa