“Nunca vi rastro
de cobra,
Nem couro de
lobisomem,
Se correr o
bicho pega,
Se ficar o
bicho come.
Porque eu sou
é home.
Porque eu sou
é home!...
Menino eu sou
é home.
Menino, eu
sou é home!...
E como sou!
Essa música
foi composta pelo Antonio Barros e gravada pelo Ney Matogrosso em 1981. Não é uma canção poética como são as do Chico
e as do Caetano. Mas diz tudo, em
seu recado satírico.
Tenho aqui,
por mim, que o Capitão Cloroquina deve cantarolar essa
música sempre que entra debaixo do chuveiro. Também concebo
que o refrão deverá servir como dístico para sua obsessiva, e prematura, campanha de reeleição em 2022, em substituição ao batido chavão “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.
Sem dúvida, depois da destemperada rodada de saia com um jornalista na manhã de um dia, e o repeteco com dezenas de outros, na noite do dia seguinte, fica claro que o Capitão Cloroquina perde as rédeas diante da pergunta: “Qual a explicação para o depósito total de R$ 89 mil, na conta da dona Michelle, feito mediante cheques de R$ 2 mil e R$ 3 mil reais?”
“Tenho vontade de encher a tua
boca com uma porrada”
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Momento da ameaça ao repórter – Crédito da foto: Pablo Jacob / Agência O Globo |
Assim
respondeu o Capitão, em sua truculência peculiar:
"Tenho vontade de encher a tua cara de porrada"
Essa ameaça
gerou a segunda maior onda de comentários negativos nas redes sociais no Brasil
e no exterior. A falta de compostura e
educação do Capitão, envergonhou o Brasil e chocou países de vários continentes, inclusive o “amigão" Donald Trump. A consultoria da maior agência de
notícias do mundo, REUTERS, informou que o episódio só ficou atrás da repercussão negativa
gerada pela prisão de Queiroz, em 18 de junho, e da famigerada reunião de ministros de 22 de
abril, exposta ao público por determinação do ministro Celso de Mello.
Pior a emenda do que o soneto.
Apoiadores registraram o episódio, e na tentativa de se contrapor ao tsunami da internet, editaram o video – que já havia sido levado ao ar – de forma infantil e amadoresca, omitindo a pergunta do repórter, e alterando a fala de um feirante. Esse convidava Bolsonaro para visitar “a feirinha na catedral”, mas a legenda produzida diz "visitar a filhinha na cadeia". Uma lambança, própria dos fanáticos seguidores do “mito”. Excetuando-se os “bolsonaristas de carteirinha” que não assistem noticiários (assim como não leem jornais e revistas nacionais e internacionais); excetuando-se esses fiéis escudeiros à la Sancho Pança quixotesco, a emenda ficou pior que o soneto.
Ordinarice pouca, é bobagem
Ainda desestruturado pela pergunta do repórter do
jornal O Globo, o Capitão
Cloroquina, voltou à carga,
para reafirmar (ao menos para o seu
umbigo e os da sua malta), tal qual o Ney Matogrosso: “Eu sou é home!”
A ofensa
dessa vez foi para todos os jornalistas
que cobriam um evento criado demagogicamente, e para tampar o sol com peneira, auto-intitulado: “Vencendo a Covid-19”.
Sem citar o
número de 115 mil mortes, o Capitão Cloroquina disse, em alto e bom som, que por
ser um atleta, formado pelo Exército, está preparado para sobreviver à
contaminações pela Convid-19. E
que não é como os bundões jornalistas.
Bolsonaro falou que “sempre foi um atleta das
Forças Armadas”, mas que o fato de citar o seu histórico, seria "encarado com
deboche pela mídia”. “Aquela história de atleta
né, que o pessoal da imprensa vai para o deboche, mas quando pega (a covid-19) num bundão de vocês a chance de sobreviver é bem menor.”
> Se desejar, assista ao video da fala do Capitão
Cloroquina, abaixo:
> Se desejar, leia as reportagens sobre a fala do Capitão Cloroquina, abaixo:
https://istoe.com.br/em-evento-sobre-covid-bolsonaro-nao-cita-vitimas-e-diz-que-jornalista-e-bundao/
https://www.youtube.com/watch?v=siw1O1veK_c&feature=youtu.be&t=2
O que está por trás do desespero do Capitão?
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Crédito da foto: Rede Brasil Atual (Divulgação) |
Fabrício Queiroz, como se sabe, é o pivô do escândalo da “rachadinha”. Conforme investigação do Ministério Público que abrangem fatos de 2003 a 2018, funcionários do gabinete do hoje senador Flávio Bolsonaro, na época deputado estadual, devolviam parte do salário que recebiam. Quem recolhia o dinheiro era Fabrício Queiroz, também assessor de Flávio Bolsonaro e amigo de décadas da família do Capitão-presidente.
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Pescaria em Angra dos Reis - Crédito da foto: Twitter Jair Bolsonaro |
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Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, Fabrício Queiroz / Crédito da foto: Twitter Jair Bolsonaro |
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Crédito da foto: Estadão Política |
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Crédito da imagem: Flávio Bolsonaro: Twitter |
“Rachadinha”
é o nome que o baixo clero político deu à prática de alguns
parlamentares de apropriar-se do salário de servidores comissionados, em geral gente que raramente
comparece ao trabalho – os
chamados “fantasmas”. Além de
sua flagrante imoralidade, tal conduta caracteriza uma série de
infrações, tais como peculato, concussão
e improbidade administrativa.
No caso
específico de Fabrício Queiroz –
que está em prisão preventiva por conta do escândalo – já se sabe que esse prestimoso assessor dos Bolsonaros pagou contas, fez depósitos e movimentou valores
consideráveis em favor da família
presidencial . Para o Ministério Público, há razões de sobra para crer que se trata de ESQUEMA DE LAVAGEM DE DINHEIRO.
Dona Michelle: uma inocente útil?
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Crédito da foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil |
Uma dessas movimentações suspeitas teve como
destinatária a hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro. Segundo as investigações, Fabrício
Queiroz e sua mulher, Márcia Aguiar, depositaram
na conta de Michelle vários cheques,
com valores entre R$ 2 mil e 3 mil, totalizando R$ 89 mil.
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Crédito da imagem: Facebook @Márcia Aguiar |
Foi essa
movimentação atípica que vem atiçando a curiosidade de todos (exceto aos sectários
do Capitão Cloroquina). Foi
essa movimentação que, também, atiçou a curiosidade do repórter, e que quase leva “UMA
PORRADA”.
Afinal, por
que Michelle recebeu esses cheques de um suspeito, pelo Ministério público, de
lavagem de dinheiro?
Responder à
essa questão é uma obrigatoriedade de quem, demagogicamente ou não, assumiu
o compromisso, quando da campanha, de dar combate incansavelmente à
corrupção.
O verdadeiro
estadista está acima das mazelas e das imundices.
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Crédito da foto: Jornal de Brasília (Divulgação) |
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