18 de abril de 2020
Enquanto
a afronesia
faz a festa no Planalto,
o coronavírus se expande,
e gargalha.
faz a festa no Planalto,
o coronavírus se expande,
e gargalha.
Fontes: O Estado de S. Paulo / Washington Post / The New York Times / The Economist / Le Monde / Clarín / Financial Times / Suddeutsche Zeitun/ The Guardian / UOL Notícias
Um certo capitão da reserva, Jair Messias Bolsonaro, decidiu trocar seu então ministro da Saúde, o
médico Luiz Henrique Mandetta, em plena pandemia de convid-19.
Esse introito poderia fazer parte de um enredo para um
filme de terror, classe C; ou de um livro de ficção ordinária; ou de um
folhetim de cordel. Ledo engano. Trata-se da mais absoluta realidade.
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Foto: Ueslei Marcelino - REUTERS |
A troca do ministro da Saúde, ao meio do mais dramático e
avassalador desastre humano deste século, se deu por dois motivos, que vêm
justificar a completa afronesia que se instalou no Palácio do Planalto. O primeiro motivo foi por politicagem ordinária e imunda; por uma sede patológica
pelo poder, objetivando única e exclusivamente a reeleição em 2022. O segundo, mais cretino ainda, foi pelo fato
do seu então ministro Mandetta desfrutar de mais popularidade à do seu chefe.
O governante Messias
Bolsonaro sentiu-se “passado para trás”
diante da maioria absoluta dos brasileiros (78%). Tal fato, em seu egocentrismo anômalo, comprometeria a sua continuidade no poder
quando das próximas eleições.
Em uma demonstração pueril, julgou-se , então, desautorizado por seu ministro
Mandetta. quando este resolveu ignorá-lo e, baseado na Ciência, sustentou o
discurso adotado pela grande maioria das nações, segundo o qual a única forma de
conter a pandemia é manter a população em isolamento social.
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O então ministro Mandetta com o seu Secretário de Vigilância e Saúde Wanderson de Oliveira Foto: Divulgação TV Brasil |
Como se sabe, o governante
Messias Bolsonaro é um
ferrenho defensor
do fim do isolamento
e da “volta à
normalidade”,
mesmo que isso cause
mais mortes.
No entanto, para o
Messias
Bolsonaro
não tem importância alguma,
como deixou muito claro
em 26 de março, quando
da entrevista
no programa
“Brasil Urgente”
da TV Bandeirantes:
– “Vai morrer
gente? Vai.
Paciência” .
Agora,
vejam
essa joia de assertiva
vociferada no mesmo dia,
no mesmo programa televisivo:
– “Pessoas
que estão morrendo
de convid-19 j
já iriam morrer de outras causas”
Messias Bolsonaro é um
ferrenho defensor
do fim do isolamento
e da “volta à normalidade”,
mesmo que isso cause
mais mortes.
Messias Bolsonaro
não tem importância alguma,
como deixou muito claro
em 26 de março, quando
da entrevista
no programa “Brasil Urgente”
da TV Bandeirantes:
– “Vai morrer gente? Vai.
Paciência” .
Agora, vejam
essa joia de assertiva
vociferada no mesmo dia,
no mesmo programa televisivo:
– “Pessoas que estão morrendo
de convid-19 j
já iriam morrer de outras causas”
A
reação da imprensa internacional
O governante Messias
Bolsonaro sempre teve um comportamento esdrúxulo. No entanto, quando da troca do ministro da
Saúde em plena pandemia de convid19 que mereceu lugar de destaque na imprensa
internacional.

O internacionalmente prestigiado jornal
francês Le Monde, “O afastamento do
ministro da Saúde Mandetta já era esperado, mas envolve enormes riscos
políticos e de saúde” disse a
publicação, “já que se espera que o país entre no momento mais agudo da
pandemia”
O jornal inglês Financial
Times, por sua vez, colocou Bolsonaro no que chamou “Imitadores do
Avestruz”. Grupo dos únicos quatro
chefes de governo do mundo que minimizam ou negam a ameça da convid-19. (O avestruz caracteriza-se pela conduta de
enfiar a cabeça em um buraco quando diante de uma situação de perigo).
O também conceituado periódico britânico The Economist chegou a dizer que Bolsonaro foi tão longe que
em próprio governo é tratado “como aquele parente problemático que dá sinais de
demência senil”
Para o The Guardian a demissão do ministro Mandetta tem “potencial para causar um e grande perigoso desastre público”.
O argentino Clarín considerou que a demissão de Mandetta era “esperada”, pois o
presidente vinha mantendo “curtos-circuitos” com o ministro “havia várias
semanas”.
O
jornal mais considerado e o mais lido da Alemanha, Süddeutsche
Zeitun, assim se manifestou: “a insensata demissão do
ministro da Saúde do Brasil, o médico Luiz Henrique Mandetta, em plena
incidência do coronavírus, deu-se por ter uma opinião muito
diferente da do presidente brasileiro.
Esse mesmo idôneo jornal foi o mesmo que rotulou Bolsonaro de “Covidioten” quando do desmatamento e queimadas na Amazônia.
A imitação barata Luiz XIV, espera subserviência
do novo ministro da Saúde
Obcecado em
mostrar sua autoridade – “Eu sou o
presidente”, costuma repetir (como se isso fosse necessário), imitando de forma ridícula o rei francês
Luiz XIV, que costumava gritar aos quatro ventos “L’Etat
c’est moi” (O Estado sou Eu) .
Nesse seu
patológico egocentrismo, o governante Messias Bolsonaro provavelmente espera que o novo titular do Ministério da Saúde (o médico oncologista Nelson Teich), não o contrarie e,
sobretudo, não o ofusque.
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Foto: Gabriela Bilo - Estadão |
Não será surpresa se, sob nova direção, o
Ministério PASSAR A CHANCELAR OS PALPITES do governante-chefe-cacique Bolsonaro – que, além de um inviável “isolamento
vertical”, incluem a receita de um remédio cuja eficácia não está
comprovada, ao contrário de seus seríssimos efeitos colaterais, já
suficientemente documentados.
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Foto: Gabriela Bilo - Estadão |
ABANDONO
DA QUARENTENA ―
Também
não será surpresa se, no embalo desse discurso, mais e mais cidadãos se
sentirem estimulados a abandonar a quarentena, como aliás, já está acontecendo,
o que tende a acelerar o colapso do sistema hospitalar.
GUERRA
CONTRA OS GOVERNADORES ― O governante Messias Bolsonaro
quer que seu novo ministro da Saúde esteja ao seu lado, na sua trincheira, na
guerra contra os governadores, a quem atribui a responsabilidade pela crise econômica que está erodindo sua
popularidade e ameaça do reeleição.
O
ex-ministro Mandetta, ao contrário, sempre deixou claro seu leno
alinhamento com as duras medidas adotadas pelos governadores, pois não é possível falar em atividade
econômica com um vírus altamente letal à solta por aí.
Diante disso, espera-se que os governadores e
prefeitos fiquem firmes na manutenção do
isolamento social e mantenham suas lutas pela proteção às vidas dos brasileiros.
O
Supremo Tribunal Federal e a VITÓRIA DO BOM SENSO ― Na quarta feira
passada (dia 15), o STF, por unanimidade
de seus juízes-ministros , decidiu que
Estados e municípios têm autonomia para
estabelecer o grau do isolamento para conter o avanço da pandema,
contrariando o governante Messias Bolsonaro,
que julgava ter o poder de diliberar a respeito.
Servilidade
perigosa
Todas essas garantias institucionais, no
entanto, não serão suficientes para impedir que o novo ministro da Saúde venha
a se tornar subserviente ao obscurantismo
bolsonarista .
Se isso ocorrer o terrível coronavírus fará, gargalhando e aplaudindo, a sua devassa mortífera.
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Foto: Gabriela Bilo - Estadão |
Como disse o ex-ministro Mandetta à Veja : “o vírus não negocia com ninguém; não negociou com Trump, não
negociar com ninguém”.
Quanto à nós?
Ficamos em nossa quarentena, nos exercitando pelos espaços de nossas residências; nos deliciando com muitas leituras de
livros; pondo-nos a par, pelos vários jornais impressos, ou televisivos, do que ocorre pelo mundo a fora; e também implorando aos céus que a todos nos
ilumine, e principalmente nos guarde das
boçalidades que enxameiam soltas por aí.