sábado, 19 de março de 2016

Governo pede que Teori suspenda decisão sobre posse de Lula

Ministro Gilmar Mendes suspendeu nomeação de Lula na Casa Civil.
AGU quer barrar todas ações e decisões referentes à nomeação.

Mariana OliveriaDa TV Globo, em Brasília
O governo pediu neste sábado (19) que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda a decisão liminar (provisória) do ministro Gilmar Mendes que barrou a nomeação do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na Casa Civil e mais de 50 ações que questionam a nomeação.
Na noite de sexta-feira (18), Mendessuspendeu a nomeação de Lula sob o argumento de que a indicação dele tinha intenção de garantir a ele foro privilegiado e, assim, tirar as investigações sobre o petista das mãos do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. Como ministro, o caso passaria para o STF.

O pedido deste sábado, feito pelo advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, é dirigido ao ministro Teori Zavascki, relator no Supremo de duas ações que também questionam a nomeação de Lula, chamadas de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, apresentadas pelo PSB e PSDB.

Nos processos que estão sob a relatoria de Zavascki, o ministro já havia pedido informações à Presidência da República, à AGU e à Procuradoria Geral da República antes de tomar uma decisão. Gilmar Mendes é relator de outras dez ações contra a nomeação – em uma delas que ele concedeu a liminar.

No pedido enviado a Teori neste sábado o governo argumenta que as diversas ações em todos os tribunais podem gerar decisões contraditórias, ferindo o princípio da segurança jurídica, a separação de poderes e a presunção de inocência.

“A fim de se evitar decisões contraditórias acerca de tema tão relevante, primando-se pela segurança jurídica e defesa da ordem jurídico objetiva, a Advocacia Geral da União reitera a necessidade de suspensão do andamento de todos os processos e de decisões judiciais que apresentem relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental até seu julgamento final”, afirmou o ministro Cardozo.

Não é praxe no Supremo que um ministro derrube decisão de outro, mas o pedido feito neste sábado pela AGU pode antecipar que o caso seja levado para discussão em plenário pelos 11 ministros da Corte.

Em nota, a defesa de Lula afirmou neste sábado que a nomeação do petista "é ato privativo da Presidenta da República, conforme a Constituição Federal". "Lula não é réu em nenhuma ação e não tem impedimento legal ou constitucional para o exercício do cargo. As ações do PSDB e do PPS que foram submetidas ao Ministro Gilmar Mendes não contêm fundamentos jurídicos capazes de atacar a validade da nomeação de Lula", diz a nota
.

Gilmar Mendes suspende posse de Lula; governo vai recorrer 

Processo volta para as mãos do juiz Sérgio Moro

ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu na sexta-feira (18) suspender a posse do ex-presidente Lula no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. O ministro atendeu a um pedido liminar do PPS, em uma das 13 ações que chegaram ao Supremo quinta-feira (17) questionando a posse de Lula.
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou que recorrerá da decisão ao próprio STF. Segundo Cardozo, há problemas processuais e de mérito a serem questionados. Até uma decisão final do Supremo, Lula não poderá despachar como ministro. 
Na mesma decisão, Mendes decidiu que os processos que envolvem Lula na Operação Lava Jato devem ficar sob a relatoria do juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. Na quinta-feira (17), Moro decidiu enviar os processos ao Supremo em função da posse do ex-presidente no cargo de ministro da Casa Civil, fato que faz com que Lula tivesse direito ao foro por prerrogativa de função.
Lula durante manifestação em São Paulo
Lula durante manifestação em São Paulo
Lula é investigado na Lava Jato por suposto favorecimento da empreiteira OAS na compra de uma cota de um apartamento no Guarujá e por benfeitorias em um sítio frequentado pelo ex-presidente.
A primeira decisão que barrou a posse foi proferida ontem pelo juiz federal Itagiba Catta Preta Neto, da 4ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, logo após a cerimôniarealizada no Palácio do Planalto.
Após a decisão, o ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que reverteu a decisão proferida pelo juiz. Em seguida, outras decisões no Rio de Janeiro e em São Paulo suspenderam a autorizaram para a posse.
Nova liminar suspende mais uma vez nomeação de Lula para a Casa Civil
O juiz federal Luciano Tertuliano, de Assis (SP), aceitou na tarde desta sexta-feira (18) um pedido de liminar para suspensão da nomeação do ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil. O juiz substituto classificou a nomeação como ato administrativo nulo, já que concede ao ex-presidente prerrogativa de foto enquanto é investigado na Lava Jato.

sexta-feira, 18 de março de 2016


Juiz Sérgio Moro divulga grampo telefônico de Lula e Dilma e retira sigilo da Lava Jato

Jornal do Brasil
O juiz Sérgio Moro, que coordena os processos da Operação Lava Jato, divulgou hoje (16) conversas gravadas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O juiz decidiu ainda retirar o sigilo do processo referente à Lula e disse que remeterá todo o material referente ao presidente Lula ao Supremo Tribunal Federal (STF) assim que ele tomar posse como ministro da Casa Civil.
Uma delas, em que Lula conversa com a presidenta Dilma Rousseff, aconteceu na tarde desta quarta-feira (16), às 13h32, após o anúncio de que Lula assumiria o cargo de ministro. O diálogo consta no relatório de inteligência da Polícia Federal. A PF identificou Lula por suas iniciais (LILS).
Dilma telefona para Lula e diz a ele que enviará a ele o papel do termo de posse.
Segundo Moro, "não há qualquer defesa de intimidade ou interesse social que justifique a manutenção do segredo" na investigação de crimes contra a administração pública.
Planalto confirmou Lula na Casa Civil
Planalto confirmou Lula na Casa Civil
Na avaliação de Moro, Lula desconfiava que estava sendo monitorado. "Rigorosamente, pelo teor dos diálogos degravados, constata-se que o ex-presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos diálogos", disse o juiz.
Na decisão, Moro também considerou que o interesse público e o princípio constitucional da publicidade impedem a continuidade dos sigilos das interceptações.
"O levantamento propiciará assim não só o exercício da ampla defesa pelos investigados, mas também o saudável escrutínio público sobre a atuação da administração pública e da própria Justiça criminal. A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras", decidiu.
Leia a íntegra de uma das interceptações telefônicas:
MORAES: MORAES!
MARIA ALICE: MORAES, boa tarde, é MARIA ALICE, aqui do gabinete da PRESIDENTA DILMA.
MORAES: Boa tarde...ô, senhora MARIA, pois não!
MARIA ALICE: Ela quer falar com o PRESIDENTE LULA.
MORAES: Eu tô levando o telefone pra ELE então. Só um minuto, vou ver e te passo, tá? Por favor.
MARIA ALICE: Muito obrigada.
MORAES: Tá bom, de nada.
(pequeno intervalo)
MORAES: Só um minuto, senhora MARIA ALICE.
MARIA ALICE: Tá "ok"
LILS: Alô!
MARIA ALICE: Alô, só um momento PRESIDENTE.
(intervalo - música de ramal)
DILMA: Alô.
LILS: Alô.
DILMA: LULA, deixa eu te falar uma coisa.
LILS: Fala querida. "Ahn"
DILMA: Seguinte, eu tô mandando o "BESSIAS" junto com o PAPEL pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o TERMO DE POSSE, tá?!
LILS: "Uhum". Tá bom, tá bom.
DILMA: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
LILS: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.
DILMA: Tá?!
LILS: Tá bom.
DILMA: Tchau
LILS: Tchau, querida
Resposta da presidenta Dilma
Em nota divulgada no início da noite, a presidenta Dilma afirma que a conversa com Lula teve "teor republicano". Ela repudiou "com veemência" a divulgação e diz que vai adotar medidas para reparar o que classificou como "flagrante violação" da lei e da Constituição Federal.
Segundo a presidenta, o termo de posse de Lula como novo ministro-chefe da Casa Civil foi encaminhado para que ele assinasse caso não pudesse comparecer à cerimônia, marcada para esta quinta-feira (17).
"A cerimônia de posse do novo ministro está marcada para amanhã às 10 horas, no Palácio do Planalto", disse Dilma. "Uma vez que o novo ministro, Luiz Inácio Lula da Silva, não sabia ainda se compareceria à cerimônia de posse coletiva, a Presidenta da República encaminhou para sua assinatura o devido termo de posse. Este só seria utilizado caso confirmada a ausência do ministro", escreveu Dilma no comunicado.
Segundo a presidenta, junto com Lula vão tomar posse os novos ministros da Justiça, Eugênio Aragão, e da Secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes. Além disso, o cargo da chefia de gabinete pessoal terá status de ministério e será ocupado por Jaques Wagner.
"Assim, em que pese o teor republicano da conversa, repudia com veemência sua divulgação que afronta direitos e garantias da Presidência da República. Todas as medidas judiciais e administrativas cabíveis serão adotadas para a reparação da flagrante violação da lei e da Constituição da República, cometida pelo juiz autor do vazamento", completou Dilma na nota divulgada na noite desta quarta-feira em Brasília.

Senado não vai segurar impeachment se Câmara aprovar processo

Avaliação é que governo já está derrotado caso não consiga voto de 171 deputados

Jornal do BrasilEduardo Miranda
Interlocutores no Senado afirmam que diante da crise política e de um possível desembarque do PMDB da base aliada do governo, é quase certo que o Senado não interromperá um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em eventual aprovação do impedimento de mandato por dois terços da Câmara dos Deputados.
Para o Executivo, a informação é um revés. Em dezembro, o Palácio do Planalto comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi favorável a uma ação que pedia a suspensão do rito de impeachment na Câmara. À época, dentre as regras decretadas pelo Supremo, estava a que dava poder ao Senado de rejeitar o pedido e evitar, assim, que Dilma fosse afastada de antemão.
Dos 81 senadores, PMDB e PSDB juntos ocupam 29 cadeiras, enquanto PT tem 13 parlamentares
Dos 81 senadores, PMDB e PSDB juntos ocupam 29 cadeiras, enquanto PT tem 13 parlamentares
A avaliação, agora, é que se o Planalto não consegue obter o voto de 171 dos 513 deputados federais para arquivar o processo, não será o Senado quem irá interromper a derrota sofrida na Câmara. O PMDB tem a maior bancada do Senado, com 18 parlamentares, seguido pelo PT, com 13 senadores, e pelo PSDB, com 11.
Nesta quinta-feira, fontes do PMDB no Senado garantiram que a ruptura do partido com o governo não é fato consumado e que há certa “forçação de barra” de parte da imprensa que cobre o Congresso Nacional. O Planalto, porém, vê com preocupação a possibilidade de o ex-presidente Lula, que teve a posse na Casa Civil suspensa nesta manhã, não ter mais os poderes para fazer a articulação política com o Parlamento.
Também nesta quinta, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai instalar a comissão especial do impeachment, tão logo os líderes das bancadas indiquem os deputados que vão compor o grupo que vai analisar o pedido do jurista Hélio Bicudo aceito no dia 4 de dezembro do ano passado.

quarta-feira, 16 de março de 2016


"Não é possível dirigir o país sendo analfabeto", diz FHC sobre Lula

Tucano criticou a nomeação do líder petista para a Casa Civil 


Em declarações dadas nesta quarta-feira (16) sobre a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ministério da Casa Civil, o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez duras críticas ao seu sucessor no Planalto, chegando até a afirmar que o país não poderia ser dirigido por um "analfabeto". Para FHC, a nomeação de Lula é "escandalosa" e representa "um erro do ponto de vista da organização do governo". 
"Tem que ter cabeça nova, não é só ser político, é preciso conhecimento. Conhecimento é fundamental. Você não pode dirigir esse país sendo analfabeto. Não dá", disparou o tucano, em referência clara a Lula.
Ao afirmar que "não se pode dirigir esse país sendo analfabeto", o ex-presidente FHC comete uma agressão a 54,5 milhões de brasileiros com mais de 25 anos que, segundo dados do IBGE, são analfabetos.
Polêmica
De acordo com FHC, com a nomeação de Lula para a Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff será alvo de ainda mais cobranças por parte do Congresso. 
"Por aí não vai. A Casa Civil no Brasil, e isso eu disse a ele lá atrás, é o comando da máquina administrativa do governo, não é da política. Alguém tem que comandar a máquina administrativa para as coisas acontecerem. Se nomear um político para o comando da Casa Civil vai se fazer confusão entre política e administração, e isso vai servir para o Congresso cobrar", disse o ex-presidente, em evento da seguradora Tokio Marine, na manhã de hoje. 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez pesadas críticas a Lula 
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez pesadas críticas a Lula 
Por fim, FHC criticou as propostas de Lula para a economia: "Ele está agora em uma fase de baixar juros e aumentar o crédito. É uma volta para trás, é um mau momento. Se seguir nessa direção, se o poder político dele aumentar, vai atrasar mais".
 
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Lula hesita em assumir ministério e diz a Dilma que não precisa de foro especial

 - Atualizado: 16 Março 2016 | 00h 49

Em jantar com Dilma, ex-presidente não esconde mal estar com leitura de que ele quer foro especial: 'Eu não preciso disso'

BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à presidente Dilma Rousseff, na noite desta terça-feira, que precisa amarrar todas as pontas com o PMDB antes de decidir se assume ou não a Secretaria de Governo. Dilma e Lula voltarão a se reunir hoje, em café da manhã no Palácio da Alvorada.
Na conversa de ontem, que durou quatro horas e meia, Lula mostrou dúvidas sobre a entrada na equipe e contou ter sido informado por integrantes do PMDB de que sua presença no ministério, nesse momento, não daria "governabilidade plena" a Dilma nem teria o condão de, por si só, barrar o impeachment.
Antes de dar a resposta definitiva, porém, Lula disse que vai sondar novamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As ponderações do ex-presidente deixaram Dilma e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) surpresos. Horas antes do jantar no Alvorada, Lula havia dito a amigos que aceitaria assumir a Secretaria de Governo. "Quero saber o que ela espera de mim", afirmara.
Apesar dos senões, ministros ainda avaliam que Lula pode aceitar o convite de Dilma. A ideia é que, além de cuidar da articulação política do governo com o Congresso, na ofensiva contra o impeachment, ele fique responsável pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O Conselhão, como é conhecido, foi montado em 2003, no primeiro mandato de Lula, reunindo representantes do governo, de sindicatos, movimentos sociais e empresários. Acabou, porém, abandonado por Dilma.
'Não preciso disso'. Durante o jantar, Lula não escondeu o incômodo com notícias dando conta de que ele quer entrar no governo para fugir do juiz Sérgio Moro. "Eu não preciso disso, a esta altura da vida", disse o ex-presidente. "Minha defesa eu mesmo faço."
Se for para o ministério, Lula ganha foro privilegiado de julgamento. Isso significa que, em caso de denúncia criminal, uma ação contra ele terá de ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, saindo da alçada de Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância.
Lula é alvo da Lava Jato e, além disso, Moro será o encarregado de decidir se aceita ou não o pedido de prisão preventiva contra ele, apresentado pelo Ministério Público de São Paulo, que o acusa de ocultar um tríplex no Guarujá, reformado pela OAS. O ex-presidente nega a propriedade desse imóvel e também de um sítio em Atibaia, que recebeu benfeitorias de empresas investigadas no esquema na Petrobrás.
A delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS), homologada nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal, também ajudou Lula a hesitar no convite para assumir a Secretaria de Governo.
Nos depoimentos à Procuradoria Geral da República, Delcídio citou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e disse que ele teria tentado comprar o seu silêncio. Mercadante negou. Além disso, o senador apontou o dedo para Lula e afirmou que o ex-presidente "teve participação em todas as decisões relativas às diretorias das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobrás".
Delcídio disse ainda que Lula sempre foi muito próximo de todos os tesoureiros do PT e que, "com o advento da Operação Lava Jato, continuou a adotar o mesmo comportamento evasivo visto durante a crise do mensalão."
Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma afirmam que, mesmo sem provas, a delação de Delcídio preocupa o governo e pode ter forte impacto sobre o processo de impeachment.
Dobradinha. Na proposta de reformulação da equipe apresentada na noite de ontem a Lula, Berzoini atuaria em dobradinha com ele e seria deslocado para a secretaria executiva do ministério. O ex-presidente condicionou a entrada na equipe a uma espécie de carta branca para mudar os rumos do governo e até mesmo a política econômica. A deputados e senadores do PT, Lula chegou a afirmar que a salvação de Dilma depende de uma guinada na economia.
Assustado com o tamanho dos protestos de domingo passado, os maiores da história do País, e com a atual debandada dos aliados, principalmente do PMDB, Lula avalia que o governo e o PT precisam anunciar medidas para o "andar de baixo" porque só isso impedirá a queda da presidente
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Lula hesita em assumir ministério e diz a Dilma que não precisa de foro especial

 - Atualizado: 16 Março 2016 | 00h 49

Em jantar com Dilma, ex-presidente não esconde mal estar com leitura de que ele quer foro especial: 'Eu não preciso disso'

BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse à presidente Dilma Rousseff, na noite desta terça-feira, que precisa amarrar todas as pontas com o PMDB antes de decidir se assume ou não a Secretaria de Governo. Dilma e Lula voltarão a se reunir hoje, em café da manhã no Palácio da Alvorada.
Na conversa de ontem, que durou quatro horas e meia, Lula mostrou dúvidas sobre a entrada na equipe e contou ter sido informado por integrantes do PMDB de que sua presença no ministério, nesse momento, não daria "governabilidade plena" a Dilma nem teria o condão de, por si só, barrar o impeachment.
Antes de dar a resposta definitiva, porém, Lula disse que vai sondar novamente o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As ponderações do ex-presidente deixaram Dilma e os ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo) surpresos. Horas antes do jantar no Alvorada, Lula havia dito a amigos que aceitaria assumir a Secretaria de Governo. "Quero saber o que ela espera de mim", afirmara.
Apesar dos senões, ministros ainda avaliam que Lula pode aceitar o convite de Dilma. A ideia é que, além de cuidar da articulação política do governo com o Congresso, na ofensiva contra o impeachment, ele fique responsável pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. O Conselhão, como é conhecido, foi montado em 2003, no primeiro mandato de Lula, reunindo representantes do governo, de sindicatos, movimentos sociais e empresários. Acabou, porém, abandonado por Dilma.
'Não preciso disso'. Durante o jantar, Lula não escondeu o incômodo com notícias dando conta de que ele quer entrar no governo para fugir do juiz Sérgio Moro. "Eu não preciso disso, a esta altura da vida", disse o ex-presidente. "Minha defesa eu mesmo faço."
Se for para o ministério, Lula ganha foro privilegiado de julgamento. Isso significa que, em caso de denúncia criminal, uma ação contra ele terá de ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal, saindo da alçada de Moro, que conduz a Operação Lava Jato na primeira instância.
Lula é alvo da Lava Jato e, além disso, Moro será o encarregado de decidir se aceita ou não o pedido de prisão preventiva contra ele, apresentado pelo Ministério Público de São Paulo, que o acusa de ocultar um tríplex no Guarujá, reformado pela OAS. O ex-presidente nega a propriedade desse imóvel e também de um sítio em Atibaia, que recebeu benfeitorias de empresas investigadas no esquema na Petrobrás.
A delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio Amaral (PT-MS), homologada nesta terça-feira pelo Supremo Tribunal Federal, também ajudou Lula a hesitar no convite para assumir a Secretaria de Governo.
Nos depoimentos à Procuradoria Geral da República, Delcídio citou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e disse que ele teria tentado comprar o seu silêncio. Mercadante negou. Além disso, o senador apontou o dedo para Lula e afirmou que o ex-presidente "teve participação em todas as decisões relativas às diretorias das grandes empresas estatais, especialmente a Petrobrás".
Delcídio disse ainda que Lula sempre foi muito próximo de todos os tesoureiros do PT e que, "com o advento da Operação Lava Jato, continuou a adotar o mesmo comportamento evasivo visto durante a crise do mensalão."
Em conversas reservadas, auxiliares de Dilma afirmam que, mesmo sem provas, a delação de Delcídio preocupa o governo e pode ter forte impacto sobre o processo de impeachment.
Dobradinha. Na proposta de reformulação da equipe apresentada na noite de ontem a Lula, Berzoini atuaria em dobradinha com ele e seria deslocado para a secretaria executiva do ministério. O ex-presidente condicionou a entrada na equipe a uma espécie de carta branca para mudar os rumos do governo e até mesmo a política econômica. A deputados e senadores do PT, Lula chegou a afirmar que a salvação de Dilma depende de uma guinada na economia.
Assustado com o tamanho dos protestos de domingo passado, os maiores da história do País, e com a atual debandada dos aliados, principalmente do PMDB, Lula avalia que o governo e o PT precisam anunciar medidas para o "andar de baixo" porque só isso impedirá a queda da presidente.
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