sábado, 23 de julho de 2016

Lições da ‘mestra’



Em evento na Universidade Federal do ABC que contou com alunos, professores e, claro, sindicalistas, a presidente afastada Dilma Rousseff, além de voltar a bater na tecla já demasiadamente gasta do ‘golpe  parlamentar´, achou por bem criticar a entrevista do ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao Estado.
Em seu linguajar peculiar, e em um esforço sobre-humano para aparentar didatismo a (ainda)  presidente “esclareceu”  que os planos A, B e C apresentados pelo governo “visam a cortar gastos, privatizar, mas não deixa claro de onde virá o dinheiro porque não fala que terá de aumentar impostos”(sic).
─ Elementar minha cara – diria um estupefato dr. Watson , o fiel escudeiro de Sherlock Holmesd, – basta gerir com inteligência e com integridade moral.  

Luís Lago
(Comentário publicado pelo Estadão em 20 de julho de 2016)

Moro nega se declarar impedido de atuar em processos sobre Lula

Juiz também defendeu condução coercitiva do ex-presidente Lula feita em março


O juiz federal Sérgio Moro decidiu nesta sexta-feira (22) que continua na condução dos processos que envolvem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele negou pedido da defesa de Lula para se declarar impedido de julgar as causas. Na mesma decisão, o juiz aponta que a opinião pública tem papel importante para prevenir “interferências indevidas” em processos que envolvem acusados poderosos.
Na petição, os advogados de Lula alegaram que Moro não poderia julgar o caso por ter escrito artigo acadêmico em 2004, no qual se manifestava a favor da importância da opinião pública nas investigações contra políticos;e que o juiz participou de eventos políticos e teria declarado, em um jantar com advogados do Paraná, que Lula “seria condenado até o fim do corrente ano”.

Advogados do ex-presidente alegam, entre outros pontos, que Moro teria declarado, em um jantar com advogados do Paraná, que Lula “seria condenado até o fim do corrente ano”
Advogados do ex-presidente alegam, entre outros pontos, que Moro teria declarado, em um jantar com advogados do Paraná, que Lula “seria condenado até o fim do corrente ano”
Na decisão, Moro negou que tenha comparecido a eventos políticos e afirmou que “falta  seriedade” aos advogados para justificar o pedido de suspeição da causa. Sobre a questão da opinião pública, o juiz informou que o fato é uma mera constatação, que não gera causa de suspeição. “O que este julgador tem afirmado reiteradamente é que o papel do juiz é julgar com base em fatos, provas e na lei, mas que a opinião pública é importante para prevenir interferências indevidas em processos judiciais que envolvem investigados ou acusados poderosos política ou economicamente.”
Na decisão, Sérgio Moro também defendeu a condução coercitiva do ex-presidente Lula, em março, durante a Operação Triplo X da Lava Jato.
“Então, a medida de condução coercitiva, além de não ser equiparável à prísão nem mesmo temporária, era justificada, foi autorizada por decisão fundamentada diante de requerimento do MPF e ainda haveria razões adicionais que não puderam ser ali consignadas pois atinentes a fatos sobre os quais havia sigilo decretado”, justificou.
Sobre a quebra de sigilo do telefone fixo do escritório de advocacia de Roberto Teixeira, advogado do ex-presidente, Moro afirmou que a medida foi legal e que Teixeira está na condição de investigado e não de advogado, fato que impediria o grampo, de acordo com as prorrogativas profissionais.
“Se o advogado, no caso Roberto Teixeira, se envolve em condutas criminais, no caso suposta lavagem de dinheiro por auxiliar o ex-presidente na aquisição com pessoas interpostas do sítio em Atibaia, não há imunidade à investigação a ser preservada, nem quanto à comunicação dele com seu cliente também investigado”, acrescentou o juiz.
Lula é investigado sobre supostas irregularidades na compra de cota de um apartamento tríplex no Guarujá (SP) e em benfeitorias em um sítio frequentado por sua família em Atibaia (SP).
Defesa
Em nota, a defesa de Lula declarou que Moro, ao se recusar em se declarar impedido, comete atentado contra a Constituição e aos tratados internacionais, que garantem julgamentos por juiz imparciais.
“A defesa apresentada por Moro, todavia, apenas deixou ainda mais evidente sua parcialidade em relação a Lula, pois a peça: (a) acusa; (b) nega, de forma inconsistente, as arbitrariedades praticadas; (c) faz indevidos juízos de valor; e, ainda, (d) distorce e ignora fatos relevantes”, destacou a defesa.Sobre o grampo realizado no escritório de advocacia, Roberto Teixeira declarou que o juiz usa sua função para atacá-lo.
“É ridículo o argumento usado por Moro para me atribuir – sem a existência sequer de uma acusação formal do Ministério Público – a prática de ato criminoso. [...]Moro, ao que parece, pretende, em verdade, incriminar os advogados que se opõem às arbitrariedades por ele praticadas na condução da Operação Lava Jato e que são encobertas por alguns setores da imprensa em troca da notícia fácil”, concluiu Teix