06/setembro/2018 - 23h25
Fachin nega pedido de Lula para afastar impedimento
à candidatura ao Planalto
Jornal do Brasil
O ministro Edson
Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
decidiu negar um pedido formulado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva para afastar impedimento à candidatura do petista ao Palácio do
Planalto.
Com base no
comunicado do comitê da ONU, a defesa de Lula pretendia afastar os efeitos da
condenação de Lula no caso do triplex do Guarujá (SP), no qual o ex-presidente
foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de
dinheiro. Por conta dessa condenação, o petista foi enquadrado na Lei da Ficha
Limpa.
De acordo com os
advogados Cristiano Zanin e Valeska Zanin, não cabe aos órgãos judiciários
brasileiros sindicar as decisões proferidas pelo Comitê de Direitos Humanos da
ONU, mas, sim, dar cumprimento às obrigações internacionais assumidas pelo
Brasil.
Até a publicação deste texto, a íntegra da decisão de Fachin não
havia sido divulgada. Na quarta-feira, a expectativa dentro do STF era de que o
ministro levasse o tema ao plenário.
Conforme trecho da decisão de Fachin publicado no site oficial
do STF, o ministro entendeu que o pronunciamento do Comitê de Direitos Humanos
da ONU não alcançou o efeito de suspender a decisão do TRF-4 que condenou Lula.
"O pronunciamento do Comitê dos Direitos Humanos da
Organização das Nações Unidas não alcançou o sobrestamento do acórdão recorrido
(do TRF-4), reservando-se à sede própria a temática diretamente afeta à
candidatura eleitoral; ii) as alegações veiculadas pela defesa não traduzem
plausibilidade de conhecimento e provimento do recurso extraordinário,
requisito normativo indispensável à excepcional concessão da tutela cautelar
pretendida", decidiu Fachin.
"Indefiro o pedido formulado. Publique-se. Intime-se. Após,
arquivem-se", determinou o ministro.
Pendências
Além do pedido negado por Fachin, a defesa de Lula ainda conta
com outros dois processos que aguardam definição judicial - um recurso
extraordinário no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e uma petição no Supremo
Tribunal Federal (STF), que contestam a decisão colegiada do TSE, que, na
madrugada do último sábado, negou o registro de Lula por 6 a 1.
Fachin foi o único voto a favor do registro de Lula no TSE, sob
a alegação de que a posição do Comitê de Direitos Humanos da ONU afastava a
inelegibilidade do petista, abrindo caminho para sua candidatura à Presidência
da República.
O comunicado, emitido no dia 17 de agosto, solicitou que o Brasil
"tome todas as medidas necessárias para que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva possa desfrutar e exercer seus direitos políticos, enquanto
esteja na prisão, como candidato para as eleições presidenciais".