sexta-feira, 25 de novembro de 2016

25/novembro/2016 às  9h35

Geddel entrega carta de demissão a Temer

Situação do ministro se agravou depois do depoimento de Marcelo Calero à PF


O ministro Geddel Vieira Lima, da Secretaria de Governo - Andre Coelho / Agência O Globo / 22-11-2016

BRASÍLIA - O ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), acusado de tráfico de influência pelo ex-ministro Marcelo Calero (Cultura), entregou na manhã desta sexta-feira sua carta de demissão. A situação do ministro se agravou depois do depoimento de Calero à Polícia Federal. Geddel é o sexto ministro a deixar o governo Temer em seis meses.

Carta de Geddel - Reprodução


Segundo o Palácio do Planalto, Geddel não pediu demissão pessoalmente ao presidente. A carta foi enviada por e-mail, e divulgada no fim da manhã desta sexta-feira. Geddel, que se despede de Michel Temer como "querido" e "fraterno" amigo, fala da crescente onda de críticas sobre ele, que cita "sofrimento" dos familiares. Geddel pediu "desculpas" pela "dimensão das interpretações dadas", e minimizou: afirmou que o Brasil é maior "do que tudo isso".
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"Avolumaram-se as críticas sobre mim. Em Salvador, vejo o sofrimento dos meus familiares. Quem me conhece sabe ser esse o limite da dor que suporto. É hora de sair. Diante da dimensão das interpretações dadas, peço desculpas aos que estão sendo por elas alcançados, mas o Brasil é maior que tudo isso", diz o texto.


O ex-ministro da Secretaria de Governo disse continuar torcendo "ardorosamente" pelo 

governo de Michel Temer, ressaltando que Temer é "sério, ético e afável". Geddel Vieira 

Lima agradeceu somente aos congressistas. Na última terça-feira, ele recebeu apoio 

público dos líderes da base do governo na Câmara, que davam o assunto por "encerrado", 

e minimizavam as denúncias de Calero, por terem sido "conversas informais".


quinta-feira, 24 de novembro de 2016



24/novembro/2016 às 9h00

Procurador da República afirma que Caixa dois acaba com Lava Jato

Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que José Dirceu seria solto no dia seguinte à sanção da lei








O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos coordenadores da Operação Lava Jato, fez duras críticas a tentativa de parlamentares de apresentar projeto para anistiar o caixa dois de campanha eleitoral.
Com um discurso inflamado, o procurador afirmou que os parlamentares estão “em polvorosa” com a delação dos executivos da Odebrecht à Lava Jato, prestes a ser divulgada, e por isso tentam uma “salvação” no Congresso.
As afirmações do procurador foram feitas durante um debate no seminário 10 Medidas contra a Corrupção no Contexto da Convenção das Nações Unidas (Mérida), na sede da Procuradoria-Geral da República. O procurador é o principal responsável pelas investigações da Lava Jato em Curitiba. Segundo ele, a proposta de anistia ao caixa dois se trata de uma manobra espúria de auto-anistia contra a corrupção.
“Pretendem com isso anistiar a corrupção. Isso acaba com a necessidade da Operação Lava Jato. Não posso investigar fatos que não são crimes. A partir do dia que essa lei for sancionada, esses fatos não serão crimes. Pior que isso, vamos ter que liberar muita gente presa. Vamos ter que liberar condenados do mensalão. José Dirceu, por exemplo, terá que ser liberado no dia seguinte a sanção dessa lei”, afirmou Santos Lima, que conclamou a população a reagir e impedir a aprovação desta e de outras propostas que criariam um salvo-conduto para corruptos.
Para ele, o sistema político está corrompido pelo poder econômico. “Peço a todos que multipliquem os esforços hoje e nos próximos meses para nos mantermos vigilantes para aprovarmos as dez medidas contra a corrupção. Mas também que evitem essas medidas que querem anistiar o passado e soltar presos da Operação Lava-Jato, do Mensalão, extinguir ações contra corruptos do Brasil inteiro”, afirmou o procurador.


Carlos Fernando dos Santos Lima criticou a tentativa de parlamentares de anistiar o caixa 2
Carlos Fernando dos Santos Lima criticou a tentativa de parlamentares de anistiar o caixa 2

Deltan Dallagnol publicou nas redes sociais que “retrocessos não podem ser admitidos”
O procurador e coordenador da força tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirmou em uma publicação em sua página no Facebook que “retrocessos não podem ser admitidos, como a anistia de crimes graves. Ou que o pacote anticorrupção sirva para constranger promotores e juízes”, afirmou.
Dallagnol também falou diretamente sobre a anistia do caixa dois. “Anistiar crimes como corrupção e lavagem sob um título de "anistiar caixa 2" anularia a mensagem da Lava Jato de que estamos nos tornando efetivamente uma república, um lugar em que todos são iguais perante a lei e se sujeitam a ela independentemente de bolso, cor ou cargo”, finalizou.
O procurador e representante junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, figura que participou do processo de impeachment de Dilma Rousseff, também se manifestou contra a medida. Segundo ele, a anistia ao caixa 2 vai manter o Brasil “no atoleiro e podridão”.