sábado, 3 de outubro de 2020

 Ministro, PEÇA DESCULPAS AOS PROFESSORES.

            Senhor ministro da Educação Milton Ribeiro,  ao ler sua entrevista dada a jornais paulistascariocas e brasilienses (e os pontos básicos que foram replicados por dois jornais americanos e um francêse por uma revista britânica eu levei um susto com a sua escorregadela.  Disse o senhor:   Hoje ser professor é ter quase uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa na vida.

Ou seja,  são pessoas que fracassaram.

Existem zilhões de profissões.  Mesmo assim,  o que se depreende de sua fala é que milhões acabaram sendo professores Foi por incapacidade?  Ou por preguiça? Ou por deficiência mental?  Ou por incompetência, burrice, analfabetismo?     

O senhor, ministro, pertence a uma escola de elite.

Universidade Mackenzie  /  Crédito da foto:  Google Images

 O Instituto e a Universidade Mackenzie são reconhecidos pela qualidade.  Seguindo sua concepção,  poder-se-ia dizer que os professores que dão aulas ali, e em todas as escolas do Estadodo País, foram dar aulas porque não acharam mais o que fazer?   Ou é gente que sonhou e se formou para issoQue estudou,  batalhou à exaustão,  conseguiu nível de excelência Ou porque idealizaram  mudar cabeças,  melhorar o País Ou porque são sabedores de que isso só se consegue com conhecimento e educação?

É sabido –  e o senhor sabe melhor do que ninguém  – que o número de professores no país em 2017 passava de 2 milhões e 500 mil.  (Todos se espantam por ser esse dado de 2017 No entanto é elementar – quem se interessa por dados de miseráveis apaixonados?)

Mas vamos lásenhor ministro!   A maior parte dos 2 milhões e meio de professores são da educação básicaseguindo os do ensino superior.

Será que esse número todo é de gente que não conseguiu outro trabalho Não puderam ser célebres no cinemano rádiona televisão?  Nem se destacaram entre os caminhoneiros,  mestres de cozinha,  jogadores de futebol, taxistas, modelos, bailarinos, publicitários,  motoboysastronautas, garis trapezistasexecutivoschapeiros de hambúrgueres,  banqueiros,  assessores políticos, bicheiros,  vidraceiros, fotógrafos lambe-lambe, jardineiros, pianistas, caftensdonos de papelaria ou de pastelaria?

Ministro da Educação Milton Ribreiro  -  Crédito da foto: Jorge William  /  Agência o Globo
Agora, tenho algumas perguntas.  Por favor, não se ofenda.

O senhor andou pelo Brasil,  ministro Saiu dessa confortável poltrona em que o vejo aboletado nas fotos dos jornais aos quais o senhor deu sua malfadada entrevista?  Por acaso o senhor teve a oportunidade de ir para o  seu trabalho em botes ou em barcos precários,  arriscando a propria vida,  como o fazem diariamente centenas de milhares de nossos professores e estudantes 

Transporte para professores, (foto acima), e para estudantes (foto abaixo) no  estado do Amazonas (Imagens: www.educaçao.am.gov)

Esteve nas escolas rurais de Coreaú,  interior do Ceará, onde os professores madrugam para pegar os paus-de-arara,  afim de dar aulas a filhos de camponeses?  

Pau-de-arara condução para professores e alunos em Coreaú - CE / Crédito da foto: Sinduicato dos Professres de Coreaú
Embarcou nos barcos que partem de Macapá e disputou,  ferreamente para conseguir uma rede afim de acomodar seu corpo até o destino de sua escola ribeirinha 500 quilômetros rio acima?

Redes no convés de barco em Macapá - Crédito da foto:  www.jornaljoca.com
Esteve com as professoras que conseguiram ensinar alunos rebeldestresloucados,  filhos de marginais,  na Casa Meio Norteem Teresina,  hoje modelo premiado?

Crédito da imagem:  http://www.razoesparaacreditar.gov
Esteve na escola da aldeia dos índios da tribo canindé, no Cearáe viu os jovens mantendo suas tradições e manipulando computadores com os pés no futuro?  Ou acha – como o seu chefe cretino –que os índios estão só queimando matas para fazer seus roçados”?
Crédito da foto:  Veja / Abril  -  Google Images 
O senhor ministro conviveu com professores dando aulas ao ar livreem plena florestanas imediações de Tarauacá Acre rodeados por crianças e  jovens ávidos por conhecimentos de ciências físicasquímicas e humana.

Por fim, senhor ministro, permita-me que me apresente.  

 E, por favor,  compreenda:  não tenho a mínima intenção de me vangloriar!  

Quero apenas que o senhor compreenda, agora, por qual motivo eu editei essa Postagem.  O porquê de minha revolta, quanto ao seu desrespeito para com os nossos Professores.

Sou jornalista desde 1962,  com pós-graduação pela Georgia State University,  e publicitário desde 1966,  com pós-graduação pela New York University.

Também sou psicólogo clínico desde 1981;  e me doutorei em Teologia em 1987.

Publiquei dois livros tenho um no prelo e dois em fase final de elaboração 

De uns 16 anos  pra cá por exigência de amigos queridos,  comungadores de ideais comuns,  sou produtor de 4 blogs de cunho cultural-artistico,  científico,  religioso,  e político-social.

  Este breve curriculum se deve a quê, senhor ministro?   Vou lhe responder, rapidinho:  

― O que fui, e o que sou agora,  devo aos professores que tive nas escolas por onde passei meus anos de criança,  de adolescente,  de adulto.   Enfim,  ao longo desta minha simplória vidinha

À eles, portanto, o meu carinho!

Uma aula com a DONA NERY - Campina Grande - Paraíba
Senhor ministro, eu sempre me lembro,  com muita emoção,  da minha primeira professora.  Ela tinha uma loirice nos cabelos e um sorriso doce.  Nós  chamávamos àquele anjo paraibano de 20 anos, de: Dona Nery.  E foi na salinha de sua modesta casa de Campina Grande que aquele Anjo,  aquela minha dedicada professorinha me ensinou,   aos 6 anos de idade,  além do beabá,  a somar,  a diminuir,  a multiplicar,  a dividir.   Foi mais além,  e me ensinou a conhecer e a reconhecer os acidentes geográficos existentes nos 5 continentes;  a saber os nomes das capitais dos Estados e Territórios daquela época de 1950, bem como as 4 cidades principais de cada umAcrescentou aos meus heróis das histórias em quadrinhos,  um temerário comandante português de mares nunca dantes navegados,  que aportou suas caravelas em uma terra de nome Vera Cruz,  que mudou para Santa Cruz, que mudou para Brasil, com suas vastas florestas,  pantanais, rios e manguezais.  
Senhor ministro,  aquele anjo chamado  Dona Nery me ensinou a sonhar, ao narrar a história de um visionário mineiro de Vila Rica,  tirador de dentes de sertanejos,  e que como castigo por seus anseios de liberdade,  foi enforcado e esquartejado.   O anjo Dona Nery também me fez saber de um indivíduo  boêmio e galanterador,  conhecido como Pedro I,  que nas margens de um riacho chamado Ipiranga mandou arrancar todos os penduricalhos com as cores de Portugal, aonde havia nascido,  e gritou algo mais-ou-menos assim:  “Ou a independência, ou a morte!

Como esquecer a tão enorme dedicação daquele anjo que atendia pelo nome de Dona Nery?...  Me responda, senhor ministro!

Depois do amoroso anjo paraibano Dona Nery, vieram os dedicados e apaixonados professores no Curso primário;  no Ginasial;  no Colegial;  e ao longo dos cursos superiores,  trilhados nas inúmeras faculdades atreladas às várias Universidades nacionais,  e às duas internacionais.

Tenho-os todos na memória,  senhor ministro Milton Ribeiro.  Eles estão guardados,  indeléveis.  Todos de primeiríssima linha.  Dedicados.  Cultos.  Apaixonados.

Enfatizo,  sem querer ser cansativo à sua distinta figura, senhor ministro da Educação, que ao longo desses meus 70 anos, conheci e me apaixonei por mais de duas centenas de professores que adoravam (e continuam a adorar)  seu ofício.   Eles poderiam ter sido engenheiros,  advogados,  médicos,  cientistas,  sociólogos,  geólogos,  dentistas, biólogos,  jornalistas,  vereadores,  prefeitos, deputados,  senadores,  ministros,  e daí em diante.  Mas, preferiram ser mestres.  Daí essa assertiva indiscutível,  senhor ministro:  Ninguém vai ser professor sem paixão pelo ensino.


Um último apelo

Ministro Milton RibeiroNÃO IGNORE NUNCA O PROFESSOR.

Esse que é mal pago, desconsiderado, violentado,  processado por pais, agredido por alunos.

Peça desculpas a essa gente varonil,  base de nossa Nação,  por suas descuidadas colocações.

Seu cargo é mais importante que o do seu tresloucado chefe & boçais Filhos.  

Não misture alhos com bugalhos,  livre-se dos preconceitos,  e entre para a História colocando ordem no Caos.

E jamais imite o cretino que "dá bananas" ao que nos é de mais vital:  o SABER.

Crédito da imagem:        Jornal de Brasília  (Divulgação)

FONTES:  O Estado de S.Paulo  /  A Folha de S. Paulo / Jornal de Brasília / Correio Braziliense  / VEJA  /  ÉPOCA  / ISTO É / TIMES Magazine /  VALOR Econômico /  The New York Times / O Antagonista /  UOL Notícias / Facebook / Twitter  /  REUTERS / Getty Images / Image Bank / G1-Globo / The greenspodt.com / www.jornaljoca.com / www.novaescola.org.br / www.portalamazonia.com / Sindicato dos Professores de Coreaú – CE ( www.sindproc.blogspot.com.br / ) / www.razoes paraacreditar.gov / www.alamy.com (Uarini – AM) / www.slmandic.adm.br  / www.educação.gov  

 



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