Sobre a chegada do NOVO NORMAL
― Não vejo a hora,
assim como todo mundo, de que a pandemia acabe, ou
ao menos afrouxe, e nos permita por os pés na rua.
Cada um já sabe o que fará primeiro.
De minha parte, está decidido: vou mergulhar numa das salas, onde há quatro meses, o
cinema ficou mudo, cego
e surdo. Porque, convenhamos, uma coisa é ver um filme em casa (na TV, na
telinha do PC ou no smartphone), e outra coisa é ver um filme num cinema. Nada contra a Netflix ou similares, com
direito a pijama e pausa para banheiro ou geladeira. É
que para mim o prazer, nesse
caso em pauta, não dispensa um excitante ritual de
aprontar-se, sair de casa, comprar ingresso (
e um saco de pipocas) e, então, escolher poltrona e esperar que a luz
se apague e se acenda a fantasia.
Observação: A imagem que ilustra nossa postagem é uma cena do filme da GMG, de 1939,
“...E o vento levou”
(Gone with the wind, no original), com direção de Victor Fleming e
estrelado por Vivien Leigh e Clark Gable.
Espero que não se trate do NOVO NORMAL de que tanto se fala, algo que viria para ficar de vez. No entanto, eu não tenho ilusões de que
no início será tudo diferente, e até bizarro: ―
eu aqui, e você: dois ou três assentos de distância
como determina a normativa sanitária.
Estejamos, pois, preparados para novidades anormais.
Não havendo mais a encantadora vizinha de poltrona, como
pegar na mão dela, beijar, bolinar, no
escurinho do cinema? Ter-se-ia (como Temer costuma dizer em suas mesóclises) que se recorrer a uma mão mecânica na ponta
de algo como um pau de selfie, única
forma de alcançar cupidezes carnais a metro e meio de distância.
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Crédito da foto: Google Images |
No caso das pernas, tão acostumadas a avançar, solertemente, em direção a outras para fins libidinais, terá que ser agora, no mínimo, como as do Pernalonga ― inesquecível personagem da infância cinematográfica de todos nós, e que, aliás, chegou aos seus 80 anos, em grande forma, sem ferrugem nas juntas, nem implantes dentários para roer cenouras.
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Crédito da imagem: Paramont Pictures |
Mesmo o beijo entre namorados, como ficará ele, nestes tempos que nos impuseram essa espécie de, com perdão da imagem comparativa, preservativo facial, a tal máscara anti-covid. E por detrás da qual, como serão sussurradas juras de amor, quando o NOVO NORMAL chegar?
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Crédito da imagem: Creative Commons |
Parte 2 ― Uma coisa é certa: A bandalheira continuará no NOVO
NORMAL.
Embora possamos estar no escurinho de uma sala de cinema, ainda
que sob aquelas esquisitices que falamos anteriormente, teremos que sair para a
rua, finda a sessão do filme.
Leves, e mais ou menos soltos, haveremos
de passar diante de bancas de revistas, e com rabiscos dos olhos sobre as bordas
das máscaras, veremos estarrecidos as mesmices coisas de
sempre; as
mesmas notícias daqui e de fora. As brasileiras e brasilianas, sem
dúvida continuarão a se sobressair às palermadas do Trump, do Putin, do Kim-Jong-un – aquele garotão adoidado da Coréia de
Norte.
Não teremos como escapar das patacoadas do ex-Capitão, ainda
nos ares do NOVO NORMAL. Ele continuará trotando corcéis, ou
mulas mancas, impávido colosso (como diz o
Hino), propagando
para os seus robotizados devotos de carteirinha ― ou para as emas, suas vizinhas ―
a cloroquina e a hidroxi-cloroquina (pra
ele é a mesma coisa, desde que o seu reflexo espelhar, Trump, disser que está tomando. Não importa se o faz de verdade, ou
de mentirinha, ou se simplesmente quer impressionar o incauto
caboclo carioquinha (como de fato o fez) para, então, desovar os seus 2 bilhões de doses
encalhadas.
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Crédito da foto: Facebook / Twitter |
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Crédito da foto: Adriano Machado REUTERS |
Ou uma coisa, ou outra, o fato é que o “doutor” Jair persiste em
intoxicar seus capachos, ou
levá-los à morte,
enfiando-os cloroquina e ou
hidroxi-cloroquina goelas à baixo. O motoqueiro abestalhado, easy
rider temporão, cultiva ainda a
memória do seu inspirador coronel torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra. É
o que lhe dá prazer. Talvez seja algo que lhe provoque orgasmo.
O fato é que em sua patológica necessidade de autoafirmação, provoca as maiores insensatezes, sem dar-se conta de que, por seu comportamento doentio provoca o afastamento dos primordiais investidores. Até será capaz, se alertado por algum de seus milicos assessores, dar-lhes uma “banana” e mandar-lhes se foderem, como costuma se expressar em seu linguajar de botequim de ponta de rua.
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Crédito da foto: Jornal de Brasília (divulgação) |
Em 17 de março de 2014, teve
inicio uma operação de combate à corrupção que vinha solapando os cofres e o
patrimônio público em dezenas de bilhões. O esquema de assalto foi criado pelos
integrantes do Partido dos Trabalhadores, notoriamente
pelo então presidente Luis Ignácio Lula da Silva, e
seus lugares tenentes: José Dirceu, José
Genoíno, João Vacccari Neto, entre outros.
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Crédito da Imagem: BBC News |
A Operação denominada Lava Jato, e que tornou-se PROJEÇÃO e RECONHECIMENTO internacional como eficiência de COMBATE À
CORRUPÇÃO, teve
seu início a partir de investigação dos doleiros Alberto Youssef (considerado o "marco zero" das investigações que identificaram que
Youssef operava às sombras, após delação no escândalo
do Banestado), e Carlos
Habib Chater, esse dono de um posto de gasolina com um lava-jato, de
fachada, em Brasília, daí o rótulo dado à Operação.
A Operação conta com 71 fases operacionais autorizadas pelo então juiz SÉRGIO MORO, durante as quais prenderam-se e condenaram-se mais de cem pessoas, entre diretores de estatais, de fornecedores, e de políticos, entre eles o ex-presidente LULA.
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Crédito da imagem: Adriano Cruz / Agência Brasil |
A Operação Lava Jato Investiga crimes de corrupção
ativa e passiva, gestão
fraudulenta, lavagem
de dinheiro, organizações criminosas, obstrução
da justiça, operação
fraudulenta de câmbio,
e recebimento
de vantagem indevida. . |
Em 9 de outubro de 2014, o procurador DELTAN DALLAGNOL calculou que as propinas recebidas pelos envolvidos no
esquema de corrupção da Petrobras e
outras estatais, e órgãos públicos
chegavam a ao menos dez bilhões de
reais. Ao defender as delações premiadas como
"o motor" da operação, Dallagnol lembrou que a Lava Jato começou com a
investigação de um posto de gasolina suspeito de lavagem de dinheiro, e chegou ao GIGANTESCO ESQUEMA DE CORRUPÇÃO, O MAIOR DA HISTÓRIA BRASILEIRA.
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Crédito da foto: Rogério Hoepers / Twitter |
Interesses escusos e sub-répteis visam o fim da Lava Jato
A mais importante batalha política em
curso hoje não é entre o Palácio
do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, mas dentro da Procuradoria Geral da República, a PGR.
Responsável pelos inquéritos envolvendo crimes
e autoridades federais,
a PGR tornou-se um campo
minado. De um lado está o
procurador geral Augusto
Aras,
indicado por
Jair Bolsonaro, e que quer o apoio do ex-Capitão
para virar ministro do STF. Do outro, os procuradores que montaram a Operação Lava Jato. QUEM
VENCER ESSA BRIGA TERÁ O PODER DE POLÍCIA SOBRE OS POLÍTICOS.
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Crédito da foto: Lúcio Tavora / Xenhac / Folha de S. Paulo |
Ficou clássica a gravação do ex-senador
Romero Jucá defendendo um “grande acordo nacional com
Supremo e tudo e delimitava onde está”.
Depois da declaração de Jucá, a Lava Jato ainda divulgou a lista com
centenas de políticos beneficiados com doações ilegais da Odebrecht e da JBS, condenou e prendeu o ex-presidente Luiz
Inácio LULA da Silva, grampeou e processou
o então presidente Michel Temer,
e gerou o clima de “todo político é
ladrão” , o QUE AJUDOU NA ELEIÇÃO DE JAIR BOLSONARO.
Por ironia, a operação que nasceu sob o
governo do PT investigando o PT, cresceu no governo do MDB investigando o MDB, ESTÁ MORRENDO POR ASFIXIA COM O PRESIDENTE
QUE ELA AJUDOU A ELEGER.
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Crédito da foto: André Coelho / Valor |
Os bolsonaristas de carteirinha já foram avisados: enquanto o ex-Capitão leva adiante — até aguentar — o figurino "paz e amor", a ordem é destruir qualquer possibilidade de o ex-juiz Sergio Moro ser candidato à Presidência da República em 2022.
Em conversas restritas, o ex-Capitão vem enfatizando que a possibilidade de ele ser reeleito é grande. Mas, para isso, é importante minar, o máximo possível, as chances de o ex-ministro da Justiça lançar candidatura. Há, inclusive, uma legenda pronta para recebê-lo: o Podemos, do senador Álvaro Dias.
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Crédito da foto: Veja (divulgação) |
Disputa entre Bolsonaro e Moro se acirrará na redes socais.
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Crédito das fotos: Moro - Folha / UOL -- Bolsonaro: Paulo Lopes Futura Pr ess |
Todos no
entorno do presidente reconhecem que há uma longa caminhada até o início da
briga pelo Palácio do Planalto. Mas, no entender dos aliados do
ex-Capitão, é importante criar o máximo
possível de dificuldade para Moro. Isso significa uma ação de peso
nas redes sociais, nas quais só o ex-ministro
atualmente rivaliza com o presidente.
Quem
acompanha esse movimento de perto viu, nas recentes
interferências do procurador-geral da República, Augusto Aras, na Operação Lava Jato, uma forma do ex-Capitão levantar possíveis falhas de Moro quando ele era o juiz
responsável pelas investigações em Curitiba.
Em
uma sexta-feira (26/06), quatro procuradores da Lava-Jato pediram exoneração
por discordarem dos métodos de Aras, que tem na subprocuradora da República LINDORA MARIA DE ARAUJO, atual responsável pela condução da operação na
PGR, uma fiel escudeira. ELA É
BOLSONARISTA DE CARTERINHA.
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Crédito da foto: Gil Ferreira / CNJ / Notícias UOL / |
A interferência de Aras na Lava-Jato remete ao vazamento de dados da operação por meio do site The Intercept. Mensagens tornadas públicas mostraram que Moro interferiu indevidamente nas investigações, inclusive orientando como o Ministério Público deveria agir, o que é proibido.
Moro foi rotulado de "superministro do Bolsonaro"
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Foto: O então ministro Sérgio Moro, em transmissão nacional denuncia esquema de Bolsonaro |
À época da Vaza-Jato, Moro era considerado como superministro de Bolsonaro, que o defendeu em várias ocasiões. Agora, não será surpresa se Aras abastecer o ex-Capitão com informações que as equipes da Lava Jato guardam com muito rigor.
Moro deve se preparar, pois, neste momento, ele é o principal adversário a ser combatido pelos bolsonaristas. Será uma guerra, uma vez que aliados do ex-juiz estão dispostos
a reagir aos ataques, sobretudo com informações
sigilosas do processo que investiga Flávio Bolsonaro no esquema de RACHADINHAS
na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
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Crédito da foto: Facebook Flavio Bolsonaro |
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Crédito da foto: ÉPOCA / VEJA / ESTADÃO (divulgação) |
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Crédito da foto: Twitter |
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