sábado, 26 de março de 2016

Em vídeo, decano do STF diz que impeachment não é golpe

 - Atualizado: 26 Março 2016 | 22h 42

Na postagem do Youtube, ministro Celso de Mello afirmou que a figura do impeachment é instrumento previsto na Constituição democrática brasileira

Um ministro e um ex-titular do Supremo Tribunal Federal reforçaram o coro de integrantes da Corte na defesa da legalidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em curso na Câmara dos Deputados. Ambos defenderam que o instrumento é previsto na Constituição e refutaram a tese, usada por quem apoia a manutenção da presidente no cargo, de que se trata de um golpe. 
Em vídeo tornado público neste sábado, o decano do Supremo Celso de Mello afirmou que o impeachment está previsto na Constituição e não pode ser reduzido à condição de “mero golpe”. Já o ex-ministro Eros Grau, que integrou a Corte entre 2004 e 2010 nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, declarou que qualificar o processo de golpe é “uma agressão à Constituição” em declaração assinada ontem durante visita à Europa. 

Celso de Mello foi questionado sobre o assunto quando estava em um shopping em São Paulo. O ministro disse que o impeachment é um instrumento legítimo que visa à responsabilização política de qualquer presidente da República, independente de sua filiação partidária. “É um instrumento posto à disposição da cidadania”, destacou ele, lembrando que é do cidadão a legitimidade para provocar a abertura do processo. 
“Se regras básicas forem respeitadas, obviamente o impeachment não pode ser considerado um ato de arbítrio político e de violência política”, avaliou, ressaltando que já expressara a opinião tornada pública em decisões anteriores no Supremo. Mello também elogia a decisão do ministro Teori Zavascki de ordenar que a Justiça Federal do Paraná encaminhe ao STF a investigação que envolve Lula. 
Para o decano do Supremo, foi uma decisão “tecnicamente correta e juridicamente adequada”. “A decisão está de acordo com a jurisprudência no STF já sacramentada em outros casos que envolviam pessoas e contexto diversos”, ressaltou ele, lembrando que a determinação é provisória e será analisada pelo plenário da Corte. 
Ao ser questionado sobre recentes declarações de Lula, de que a operação Lava Jato teria causado “efeitos econômicos negativos”, Mello defendeu a atuação do juiz Sérgio Moro, que conduz os inquéritos da operação em primeira instância. “O juiz Moro vem agindo de acordo com o que manda a legislação brasileira”, disse. 
Eros Grau. Em sua declaração, Eros Grau declarou que a conduta de tentar impedir o cumprimento do que dispõe a Constituição significa “desabrida confissão de prática de crime de responsabilidade pela Presidente da República”. 
“A afirmação de que a admissão de acusação contra o presidente da República por dois terços da Câmara dos Deputados consubstancia um golpe é expressiva de desabrida agressão à Constituição, própria a quem tem plena consciência de que o Presidente da República delinquiu, tendo praticado crimes de responsabilidade”, escreveu. 
Outros ministros. Nesta semana, dois outros ministros do STF defenderam a legalidade do processo. Na quarta-feira, a ministra Cármen Lúcia comentou declarações feitas por Dilma no mesmo dia sobre o assunto. “Não acredito que a presidente tenha falado que impeachment é golpe. Impeachment é um instituto previsto constitucionalmente”, disse ela. “O que não pode acontecer de jeito nenhum é impeachment nem ou qualquer tipo de processo político-penal ou penal sem observar as regras constitucionais.” 
No mesmo dia, Dias Toffoli disse que o processo de impeachment é previsto na Constituição, mas não quis opinar sobre o caso específico da presidente Dilma Rousseff.
OS APELIDOS DE POLÍTICOS USADOS PELA ODEBRECHT NOS PAGAMENTOS DE PROPINAS


REVISTA ÉPOCA

DIEGO ESCOSTEGUY E DANIEL HAIDAR
24/03/2016 - 21h05 - Atualizado 24/03/2016 21h05


Infográfico mostra políticos beneficiados por pagamentos em planilhas da Odebrecht (Foto: Reprodução)

quarta-feira, 23 de março de 2016

Em editorial, ‘The Economist’ defende a renúncia de Dilma Rousseff
Para revista, nomeação de Lula foi tentativa de impedir a Justiça



Foto: André Coelho/Agência O Globo
Em editorial já disponível na internet e intitulado “Hora de ir embora”, a revista britânica “The Economist” pede a saída de Dilma Rousseff da Presidência da República. Segundo a publicação, Dilma deve renunciar ao cargo após nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil, no que “parece ser uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça”. A revista diz que a saída de Dilma abriria um novo começo no país.



“Esta publicação tem argumentado há bastante tempo que o sistema judicial ou os eleitores, e não políticos com interesses próprios, devem decidir o destino da presidente. Mas a nomeação de Lula por Dilma parece ser uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que não tenha sido essa sua intenção, esse seria seu efeito”, diz parte do texto.
A publicação, por outro lado, argumenta que continua acreditando que, na ausência de provas de crimes, o impeachment de Dilma é injustificável. A “The Economist” afirma que a tentativa de usar as chamadas pedalas fiscais para justificar o impeachment é um pretexto para retirar do posto uma “presidente impopular”. Além disso, a ideia de que o Congresso vai ouvir as ruas abriria um precedente preocupante, já que, segundo a revista, “uma democracia representativa não deveria ser governada por protestos e sondagens de opinião”.
A “The Economist” lista três alternativas para a saída de Dilma com fundamentação legítima. A primeira seria mostrar que Dilma obstruiu as investigações sobre a corrupção na Petrobras. As alegações de Delcídio Amaral, em delação premiada, ainda não foram comprovadas e a presidente as nega. A segunda seria uma decisão da Justiça Eleitoral para convocar novas eleições presidenciais, se descobrir que a campanha de reeleição da petista foi financiada com propina do esquema de corrupção na Petrobras. Por fim, a terceira e melhor saída, segundo a revista, é Dilma renunciar.
O editorial também destaca que o vice-presidente Michel Temer, que assumiria o cargo no caso de renúncia, está envolvido no escândalo de corrupção na estatal, tanto quanto o PT. Para a revista, uma nova eleição daria aos eleitores a oportunidade de delegar as reformas a um novo líder.
A “The Economist” ressalta ainda que o Judiciário tem questões a responder. “Juízes merecem grande crédito por levar grandes empresários e políticos brasileiro a prestar conta, mas eles têm minado sua causa ao desprezar as normas legais”, diz o texto. O último exemplo seria a decisão do juiz Sérgio Moro de divulgar as gravações telefônicas entre Lula e de outros políticos, incluindo Dilma Rousseff. Por outro lado, a revista rechaça o argumento dos que defendem o governo de que os “juízes estão encenando um golpe”.


terça-feira, 22 de março de 2016


Rosa Weber vai relatar pedido de Lula para suspender decisão de Gilmar Mendes

A ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber foi sorteada para ser a relatora do habeas corpus protocolado no domingo (20) pela defesa do ex-presidente Lula pedindo a suspensão da decisão do ministro Gilmar Mendes. O ministro suspendeu a nomeação do ex-presidente como ministro-chefe da Casa Civil e também determinou a volta dos inquéritos para o juiz Sérgio Moro.
Inicialmente, o ministro Luiz Edson Fachin havia sido sorteado, mas ele se declarou suspeito para julgar o caso por tem relação pessoal com uma das pessoas que assinaram a ação.
Rosa Weber foi sorteada para ser a relatora do habeas corpus protocolado pela defesa do ex-presidente Lula pedindo a suspensão da decisão do ministro Gilmar Mendes
Rosa Weber foi sorteada para ser a relatora do habeas corpus protocolado pela defesa do ex-presidente Lula pedindo a suspensão da decisão do ministro Gilmar Mendes
Defesa de Lula entra com habeas corpus contra decisão de Gilmar Mendes 
Os advogados de Lula argumentam que a decisão de Gilmar Mendes é nula, pois caberia ao ministro Teori Zavascki, como relator prevento, examinar a decisão anterior de Moro de remeter os processos ao STF. Além disso, argumentam que Gilmar Mendes já havia se manifestado sobre o assunto fora dos autos, com prejulgamento da causa. 
O habeas corpus foi impetrado pelos advogados Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira Zanin Martins e Roberto Teixeira, acompanhados pelos juristas  Celso Antonio Bandeira de Mello, Weida Zancaner, Fabio Konder Comparato, Pedro Leiva Pinto Serrano, Rafael Valim e Juarez Cirino dos Santos. 
A ação pede ao STF que suspenda do trecho da decisão de Gilmar Mendes que determinou o retorno das ações ao juiz Sergio Moro, apontada a relevância dos fundamentos e, ainda, o fato de Lula já haver sido "vítima de arbitrariedades praticadas pela 13a. Vara Federal Criminal de Curitiba."
Veja a nota dos advogados:
Nota 
Os advogados do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, Valeska Teixeira Zanin Martins e Roberto Teixeira, acompanhados pelos juristas  CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO, WEIDA ZANCANER, FABIO KONDER COMPARATO, PEDRO LEIVA ALVES PINTO SERRANO, RAFAEL VALIM e JUAREZ CIRINO DOS SANTOS impetraram hoje (20/03/2016) habeas corpus no Supremo Tribunal Federal contra decisão proferida na última sexta-feira pelo Ministro Gilmar Mendes. 
Mendes, além de suspender o ato de nomeação do ex-Presidente Lula para o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil a pedido do PPS e do PSDB, também determinou o retorno das ações e dos inquéritos contra Lula ao Juiz Sérgio Moro, que havia declinado da competência por meio de decisão proferida no dia 16/03/2016. 
Os advogados e os juristas alegam que a decisão de Mendes é nula, pois caberia ao Ministro Teori Zavascki, como relator prevento, examinar a decisão do Juiz Sérgio Moro de remeter os processos ao STF. Além disso, argumentam que Gilmar Mendes já havia se manifestado sobre o assunto fora dos autos, com prejulgamento da causa. 
A ação pede ao STF que suspenda do trecho da decisão de Gilmar Mendes que determinou o retorno das ações ao Juiz Sergio Moro, apontada a relevância dos fundamentos e, ainda, o fato de Lula já haver sido vítima de arbitrariedades praticadas pela 13a. Vara Federal Criminal de Curitiba.

domingo, 20 de março de 2016

Governo teme nova ação de Moro contra Lula e pede urgência ao STF

Lula durante cerimônia de posse do ex-presidente como novo ministro da Casa Civil, no Palácio do Planalto. (foto: Ag. Brasil/divulgação)Lula durante cerimônia de posse do ex-presidente como novo ministro da Casa Civil, no Palácio do Planalto. (foto: Ag. Brasil/divulgação)
Pelo segundo dia consecutivo, o governo recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar derrubar as decisões que impedem o ex-presidente Lula de assumir o comando da Casa Civil.
A manifestação da AGU (Advocacia-Geral da União) deste domingo (20), no entanto, pede urgência do tribunal sobre o caso, ao requerer uma “excepcional concessão de medida cautelar”.
O pedido foi feito ao ministro Teori Zavascki, relator de duas ações de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, apresentadas pelo PSB e pelo PSDB e que questionam a legalidade da nomeação de Lula. Não é usual que ministros concedam liminar (decisão provisória) nesse tipo de ação.
O governo e o PT temem uma nova ação do juiz Sergio Moro diante da decisão tomada pelo ministro Gilmar Mendes na última sexta-feira (18) suspendendo a posse de Lula no primeiro escalão do governo Dilma e determinando que as investigações da Operação Lava Jato envolvendo o petista continuem no Paraná.
Um aliado do ex-presidente disse que a intenção do petista é desembarcar nesta semana em Brasília para atuar à frente contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Lula só não iria à capital federal caso houvesse alguma operação da PF para detê-lo, ponderou o aliado.
O governo quer agilizar uma posição de Teori porque o STF não tem sessão marcada para esta semana, por causa do feriado da Semana Santa. A próxima reunião do plenário do Supremo está marcada para o dia 30 de março.
Mas a data do julgamento depende de o relator do caso liberar a ação para análise dos 11 ministros – ainda não há previsão sobre quando isso irá acontecer. Não é comum que um ministro suspenda decisão liminar de outro.
“A fim de se evitar decisões contraditórias acerca de tema tão relevante, primando-se pela segurança jurídica e defesa da ordem jurídico objetiva, a Advocacia-Geral da União pugna pela excepcional concessão de medida cautelar, suspendendo-se o andamento de todos os processos e de decisões judiciais que apresentem relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, até seu julgamento final”, diz a AGU.
Em sua decisão na sexta-feira, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a posse de Lula pode configurar “uma fraude à Constituição”, alegando que houve desvio de finalidade por parte da presidente Dilma.
Isso porque, segundo o ministro, há indícios de que ela indicou o ex-presidente para o governo com o objetivo de que as investigações contra ele fossem examinadas pelo Supremo e não mais por Moro.
BLOQUEIO
Em outra frente, a defesa do ex-presidente Lula também ingressou com um pedido no Supremo para impedir que Moro, a força-tarefa da Lava Jato e a Polícia Federal deem continuidade a qualquer diligência envolvendo o ex-presidente, até nova deliberação do tribunal.
Os defensores pedem ainda que Moro, os procuradores e os policias que atuam no Paraná “se abstenham” de dar publicidade a qualquer gravação, material ou relatório sobre diligências e busca e apreensão envolvendo o ex-petista.
A defesa alegou ao Supremo que as interceptações e a divulgação dos áudios foram ilegais, ferindo a intimidade e privacidade de Lula, além de envolver políticos com foro, como Dilma. Um dos argumentos sobre a irregularidade do ato é que Moro autorizou o grampo dos advogados do ex-presidente com o intuito de monitorar a estratégia de defesa.
Os advogados pedem ainda que seja apurado se houve a realização de interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebra segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. (Folhapress)