Correio Braziliense 18/02/2020 | 11:53
O Estado de S.Paulo 27 de fevereiro de 2020 | 19h25
Depois de tantos desmandos ― contra a Imprensa ― pode-se rotulá-lo de “presidente”?
Vejam abaixo duas das inúmeras
patatadas daquele que se auto proclama “presidente”.
Patada número 1
Correio
Braziliense / Ingrid
Soares
Postado em 18/02/2020
11:53 / Atualizado em 19/02/2020 09:43
Bolsonaro, sobre repórter da Folha: 'Ela queria dar um furo'; jornal
reage
''Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim'',
disse o presidente da República nesta quinta-feira, entre risos
Após comentário de Jair
Bolsonaro sobre a jornalista da Folha de S. Paulo Patrícia
Campos Mello, o jornal paulista emitiu nota afirmando que o presidente da
República "agrediu" a profissional e todo o jornalismo e
"vilipendiou a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício
da Presidência".
A
crítica do jornal se refere a uma fala do presidente na manhã desta terça-feira
(18/2) ao comentar o depoimento de Hans River, ex-funcionário da Yacows,
agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp, na CPI das Fake News no
Congresso.
Na
ocasião, River disse que a jornalista se insinuou sexualmente a ele para obter
informações para a matéria em que denunciou o uso de mensagens ilegais durante
a campanha presidencial. A versão de River foi desmentida pela jornalista e
rechaçada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Nesta
terça-feira, Bolsonaro voltou ao tema usando a palavra "furo" em
duplo sentido. "Ela [Patrícia] queria um furo. Ela queria dar um furo a
qualquer preço contra mim", disse aos risos.
“Olha
a jornalista da Folha de S.Paulo. Tem mais um vídeo dela aí. Não vou falar aqui
porque tem senhoras aqui do lado. Ela falando: ‘Eu sou ‘tá, tá, tá’ do
PT’, certo? No depoimento do Hans River, no final de 2018, para o Ministério
Público, ele diz do assédio da jornalista em cima dele”. Em tom jocoso, o chefe do Executivo
emenda:
" Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra
mim. Lá em 2018, ele [Hans] já dizia que ele chegava e ia perguntando: ‘O
Bolsonaro pagou para você divulgar pelo Whatsapp informações?’ E outra: se você
fez fake news contra o PT, menos com menos dá mais na matemática. Se eu for
mentir contra o PT, eu estou falando bem, porque o PT só fez besteira".
A
Folha, em seguida, emitiu nota: "O presidente da República agride a repórter Patrícia
Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia
também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da
Presidência".
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Jornalista da Folha PATRÍCIA CAMPOS MELLO
|
Hans River ofendeu jornalista
Na
semana passada, Hans River ofendeu a jornalista ao dizer
que ela havia se insinuado para ele em troca de uma reportagem a respeito do
uso de disparos de mensagens via WhatsApp na
campanha eleitoral. As declarações foram contestadas com materiais divulgados
pela Folha em formato de mensagens de texto e áudios.
No
entanto, Bolsonaro reforçou a versão. Em nota nesta terça (18), a Folha de
S.Paulo afirma que “o presidente da República agride a repórter Patrícia Campos
Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia também a
dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência”.
Patada número 2
Redação, O Estado de
S.Paulo
27 de fevereiro de 2020 | 19h25
Atualizado 28 de fevereiro de 2020 | 17h33
Bolsonaro diz que Vera Magalhães ‘mentiu’
ao noticiar que ele divulgou vídeo convocando seguidores para ato contra o
Congresso
O presidente Jair Bolsonaro atacou nesta
quinta-feira, 27, por DUAS VEZES, a editora do BR Político e colunista do Estado Vera Magalhães.
Bolsonaro ofendeu a jornalista em entrevista na entrada do Palácio da
Alvorada e também em transmissão ao vivo em sua página no Facebook.
Nas duas ocasiões, o presidente disse que o vídeo divulgado por Vera é
de 2015. Naquele ano, porém, Bolsonaro era deputado, e não presidente, e a
facada sofrida por ele – que aparece na gravação – ocorreu na campanha de 2018.
Além disso, o vídeo faz clara menção a Bolsonaro já no cargo de
presidente.
“(...) Temos um presidente trabalhador, incansável, cristão,
patriota, capaz, justo, incorruptível”, diz o texto da gravação.
Bolsonaro, no entanto, insistiu que o vídeo é antigo e insultou a
jornalista. “Vera Magalhães, eu não sou da tua laia. (...) Ela queria dar
um furo de reportagem com aquele meu vídeo convocando o pessoal para 15 de
março, mas no seu afã de dar o furo rapidamente, ela esqueceu de ver a data que
era 2015. Se bem que dá para ver, perceber um pouquinho no meu semblante, que
estou um pouco mais jovem. Mais um trabalho porco que a mídia toda repercutiu”, disse o presidente
na transmissão ao vivo.
Pouco antes, na entrevista diante do Alvorada, Bolsonaro havia sido
questionado se o seu aval às manifestações contra o Congresso poderia
atrapalhar o governo. “Estou aguardando a
Vera mostrar o vídeo dela. E não vai mostrar, né? O caráter dela...”,
disse, sem concluir a frase.
O BR Político revelou que Bolsonaro
compartilhou dois vídeos convocando para os protestos. O site divulgou também o
print da tela do celular que mostra o presidente como autor dos disparos, além
dos vídeos.
“A Vera mentiu. Eu quero que a
Vera mostre o vídeo em que eu estou convocando as pessoas para isso”,
afirmou o presidente, mais uma vez ignorando que as peças já haviam sido
publicadas.
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Jornalista de O Estado de S.Paulo VERA MAGALHÃES
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Repercussão.
A Diretoria de Jornalismo do Grupo Estado lamentou as declarações do presidente.
“O Estado
de S. Paulo lamenta
que o presidente da República ataque a jornalista Vera Magalhães, acusando-a de
mentir por ter revelado que ele divulgou, via WhatsApp, dois vídeos conclamando
a participação nas manifestações. Ao agir assim, ignorando os fatos, endossa
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