sábado, 9 de maio de 2020


UMA DESPRETENSIOSA APOLOGIA DO RIO
        
     ― Eu não sei por que cargas d’água eu me peguei pensando em  Machado de Assis.  Mais respeitosamente,  em Joaquim Maria Machado de Assis, idealizador, fundador e patrono da Academia Brasileira de Letras.  E muito mais respeitosamente, ainda, no autor de uma vasta obra constituída de, nada mais, nada menos, 600 crônicas, 216 contos, 10 romances, 12 peças teatrais, e 5 coletâneas de poemas e sonetos de autores sul-americanos, norte-americanos, e europeus.
Nota importante:   A foto que ilustra o título da  Postagem é de 1901.  Vê-se o Pão de Açúcar ao fundo,  e em primeiro plano vê-se a antiga Avenida Central (hoje Avenida Rio Branco)

Machado de Assis - Imagem: Fundação Biblioteca Nacional
E por que ele – esse mulato atrevidamente frutuoso, como arrazoado inicial para essa nova postagem?   
Começamos por dizer que ele carregava, exacerbadamente, o vírus da paixão pelo Rio de Janeiro.  Muito mais, por exemplo, que a de um certo capitão – motivo de vergonha e constrangimento para esta sacrossanta terra descoberta por Cabral.  Mas, isso já é outra história. Vai ficar, talvez, para a última parte desta postagem, uma vez que não desejamos conspurcar o nosso tema de hoje.  
Voltemos ao amor desmedido de Machado de Assis pela sua cidade natal.  Aqui cabe salientar que para de Machado de Assis, a cidade do Rio de Janeiro não era somente pano de fundo ou cenário em suas obras, mas personagem pulsante.  Sua visão da cidade que tanto amava, não era sentimental, nem pitoresca. Para Machado, o Rio de Janeiro era uma realidade humana.  (“Dom Casmurro”, um dos seus mais renomados romances  – e traduzido para 21 idiomas – é um exemplo disso). 

Machado de Assis nasceu em uma casa situada numa das muitas ladeiras do Morro  do Livramento, região central do então município do Rio de Janeiro,  em 21 de junho de 1839.  Com 30 anos, mudou-se para um casarão assobradado  de número 18 da rua Cosme Velho, no bairro de mesmo nome, situado no sopé do morro do Corcovado e do morro de Dona Marta. 
       Por 48 anos, morou permanentemente nesse endereço até o seu falecimento aos 69 anos de idade.   Por esse fato, e por sua total entrega à escrita,  recebeu dos muitos amigos (e dos poucos e raros detratores) a carinhosa alcunha de “Bruxo do Cosme Velho”.
Rua Cosme Velho nº 18 - Residência de Machado de Assis
/ Fundação Biblioteca Nacional 
Por sua terra natal, o então município do Rio de Janeiro, Machado de Assis tinha uma verdadeira obsessão.  Percebendo isso, seus amigos lhe perguntavam – sempre e a todo instante – a título de brincadeiras,  o porquê desse tão gigantesco amor pela cidade.  Ele, pacientemente, e em sua sisudez característica, respondia-lhes: “Ora, porque ainda não encontrei uma mulher à altura.”   (Ele acabou encontrando-a na pessoa da jovem Carolina Augusta Novais.  Para ela, escreveu e dedicou   quando do seu falecimento após apenas 16 anos de casados, – o mais belo dos seus sonetos (e da literatura brasileira)  – “Carolina” .

Outros doidamente apaixonados pelo Rio.


Além do “Bruxo do Cosme Velho”, uma plêiade de romancistas, contistas, poetas, têm-se somado à teatrólogos, cineastas, músicos/compositores, seresteiros, boêmios e outros tantos represantes desta fauna de “romeos” – amantes eternos desta cidade cognominada carinhosamente de Cidade maravilhosa”.

Vinícius de Moraes,Tom Jobim, Chico Buarque de Holanda, Leila Diniz, e a musa da bossa nova Nara Leão; Sérgio Porto (o Stanislau Ponte Preta) Glauber Rocha;   os cearenses Belquior e Fagner; os baianos Caetano, Gil,  Bethânia e Gal;  os mineiros Milton Nascimento, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Beto Guedes os paraibanos Geraldo Vandré, Chico Cesar, Elba e Zé Ramalho; os pernambucanos:  Alceu Valença, Capiba, Naná de Vasconcelos, Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, e Gilberto Freire; a turma do Pasquim: Millor, Jaguar, Ziraldo, Tarso de Castro, Sérgio Augusto, Paulo Francis, Henfil e o sociólogo Betinho, seu irmão
Sem deixar de arrolar entre os alucinados por esse Rio de "encantos mil", o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade (cuja estátua  de bronze há muito observa o mar e as areias de Copacabana).
Estátua de bronze de Drummond de Andrade, na praia de Copacabana - Imagem: WikiRio -  (divulgação)
Por último, a estranha fixação  pelo Rio de um certo capitão.

No meio do caminho tinha uma pedra” – assim começa o poema escrito por Carlos Drummond de Andrade em 1928.  De absoluta simplicidade, o poema é tido como um dos mais belos da literatura brasileira.  Esse poema do Drummond goza de contínuas análises,  graças ao seu teor profundamente emblemático.
Também é representativo de muitas situações ocorridas, ou que poderão vir a ser.  Como essa escancarada há poucos dias atrás. 
Vejamos, a seguir.
A pedra no caminho do Atual Inquilino do Palácio do Planalto, um certo capitão reformado, não é – em hipótese alguma – um simples cascalho, um mero pedregulho.  Muito pelo contrário: tem a estrutura de uma rocha meteórica, com um poder arrasador de dimensões incalculáveis.
Seu nome?  Sérgio Fernando Moro, ex-juiz, ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública.
Concepção artística do choque de um meteoro com o planeta Terre   -   Google Images

Uma mera questão:  quem colocou a “bendita” pedra no caminho do tal capitão?

Ou, refazendo melhor a basilar questão:
― O que levou o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Fernando Moro, a botar a boca no trombone, em alto e bom som, ao vivo e a cores, quando do anúncio de seu pedido  de demissão?
Sérgio Moro,  quando do anúncio de seu pedido de demissão        -         Foto: André Coelho / Valor
E, mais: após rasgar o verbo, didaticamente, comparecer em juízo para, ao longo de 8 horas, deixar registrado, tim-tim por tim-tim umas certas condutas nem tanto dignas de um presidente, ou de um governante, ou de um mandatário, ou de um chefe de governo, (ou de qualquer coisa que o valha). 
O fato é que o então ministro da Justiça e Segurança Pública, não suportou mais conviver com os desmandos do surrealista governo 
de Bolsonaro&filhos
A gota d'água foi a patológica insistência do Capitão de substituir,
o comando da Polícia Federal do Rio, por uma pessoa amiga do Clã bolsonarista para fornecimento de informações dos processos envolvendo o a família bolsonarista&aliados

O copo do ainda Ministro da Justiça e Segurança Pública transbordou de vez, quando da Reunião Ministerial realizada no dia 22 de abril, com a presença de toda a Equipe de Governo, dirigentes de bancos e empresas estatais  e mais os "mandatários-filhos" (é claro!).  
A reunião  sabe-se agora – foi adornada por palavrões obscenos dirigidos à prefeitos, governadores, países europeus e asiáticos (à China, obviamente).  Uma das ofensas foi dirigida – pasmem– aos 11 ministros do STF e às senhoras mães deles, conforme noticiado pelos mais idôneos jornais do dia posterior à "nobre" reunião. (Confiram, por favor. E preparem-se para o estarrecimento).  
Foi nessa "pitoresca" Reunião Ministerial que o Atual Inquilino Palácio do Planalto determinou a mudança do diretor da Polícia Federal do Rio de Janeiro, sob pena de exoneração do Ministro. 

O íntegro Sérgio Moro, o responsável por conduzir, de forma exemplar, a Operação Lava Jato; que, como todos sabemos:  a mais austera operação de combate à corrupção que vinha solapando o erário público, em dimensões “nunca dante vista neste País” – como reza o refrão do  mais ladino dos corruptos, e cujo fim foi passar uma temporada entre as grades, condenado exatamente pela ação da Operação Lava Jato. 

O impoluto juiz-ministro não aceitou "as regras do jogo" do Atual Inquilino do Palácio do Planalto, e acabou declarando sua demissão, em transmissão ao vivo para todo o Brasil..    
      
As imundices expostas
Depois da exposição precisa do ex-ministro Sérgio  Moro, a Nação brasileira ficou estarrecida e revoltada pelas imundices que pululavam (e, tudo indica, ainda permanecem)  na capital do País.  Uma das peças das roupas sujas, descaradamente expostas nos varais armados em alguns gabinetes do tal Palácio do Planalto era a fixação do Capitão pela mudança da superintendência da  Polícia Federal do Rio de Janeiro .
Com que objetivo?  É o que está questionando o inquérito conduzido pelo Supremo Tribunal Federal, a pedido do Procurador Geral da República  Augusto Aras.   
O decano Ministro do STF Celso de Mello    -   Foto: Gabriela Biro  -  Estadão 1/8/2019
Por convocação do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal,
prestarão depoimentos na terça, dia 12, os ministros:   Walter Souza Braga Netto (Casa Civil),  Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucionale  Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo),
       Os três ministros, além de terem participado da famigerada Reunião Ministerial do dia 22/4, eles também se encontraram com Moro no dia seguinte, quando então o ex juiz da Lava Jato deixou claro que não pretendia tirar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Maurício Valeixo, como exigido pelo Capitão.
Ministros: Braga Netto (Casa Civil),  Augusto Heleno  (Gabinete de Segurança Institucionale  Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo)
O então ex-Superintendente Maurício Valeixo será ouvido 2ª feira, dia 11/5.  Nesse mesmo, irá depor Alexandre Ramagem, "amigo íntimo da família do Capitão, e mesmo dele – Capitão – conforme suas próprias enfatizadas palavras. Ramagem não chegou a tomar posse, em decorrência da liminar do ministro do STF Alexandre de Moraes que considerou "desvio de finalidade do ato presidencial de nomeação do diretor da Polícia Federal, em inobservância da moralidade e do interesse publico".

No dia 13 serão ouvidos outros delegados envolvidos no processo, bem como deputada federal Carla Zambelli.
A parlamentar será ouvida em função da sua troca de mensagem com o ex-ministro Sérgio Moro,  em que pede que ele faça a mudança na Direção-geral da Polícia Federal do Rio, solicitada por BolsonaroEm troca, ela se comprometeria "a ajudar" o ex-ministro com uma vaga no STF.   A resposta de Sérgio Moro foi curta e precisa: "EU NÃO ESTOU À VENDA"
Ex-ministro Sérgio Moro e a deputada federal Carla Zambelli
Registros audiovisuais
O decano do Supremo Tribunal Federal também determinou que lhe fosse entregue, "sem cortes e emendas a cópia dos registros audiovisuais da  reunião realizada entre o presidente, o vice-presidente da República, ministros de Estado e presidentes de bancos públicos, ocorrida no último dia 22/4, no Palácio do Planalto.  O objetivo, segundo o ministro Celso de Mello,  é confirmar a afirmação de Moro de que Bolsonaro teria cobrado a substituição do superintendente da Policia Federal no Rio de Janeiro.

As questionadas “assinaturas” no famoso Decreto de Exoneração

Outra diligência autorizada é a a obtenção de comprovantes de autoria e integridade das assinaturas digitais no decreto de exoneração de Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal, publicada no Diário Oficial da União em 23/4, além de eventual documento com pedido de exoneração encaminhado por Valeixo ao presidente.

Liberdade de imprensa


Foto:  Dreamstime.com - Stockfotos 88001356
Ao afastar o sigilo do inquérito, o ministro Celso de Mello afirmou que a liberdade de imprensa, no sentido de projeção da liberdade de manifestação de pensamento e de comunicação, deve ser abrangente. “Daí a razão de não se impor, como regra geral, regime de sigilo a procedimentos estatais de investigação, notadamente naqueles casos em que se apuram supostas práticas criminosas alegadamente cometidas por autoridades em geral e, particularmente, por aquelas que se situam nos mais elevados postos hierárquicos da República, destacou o decano Juiz Celso de Mello.
Na realidade, os estatutos do poder, numa República fundada em bases democráticas, não podem privilegiar o mistério, porque a supressão do regime visível de governo – que tem na transparência a condição de legitimidade de seus próprios atos – sempre coincide com os tempos sombrios em que declinam as liberdades e transgridem-se os direitos dos cidadãos.
"CALA A BOCA!..."   - Esta infame ordem, dirigida a um jornalista,  foi dada por quem se diz respeitar a Constituição  Foto publicada no jornal O Estado de S. Paulo

Retornando ao poema do Drummond (No meio do caminho tinha uma pedra”), só podemos concluir que de tantas patetices circenses do “governo”  Bolsonaro&filhos, serão muitas as pedras que irão rolar no Palácio do Planalto.  Pesadas, agudas e cortantes.


Fontes:  Biblioteca Nacional / New York Public Library  / Museu da Imagem e Som / Correio da Manhã / Jornal do Brasil / O Pasquim / O Globo / Veja – Abril /  Época / Exane /  Folha de S. Paulo / O estado de S. Paulo /  Le Monde / Granma Organo ufficiale del PCC Swedish Academy Magazine

segunda-feira, 4 de maio de 2020


O BRASIL NÃO É UM PAÍS SÉRIO



   ― Ao presidente francês Charles de Gaulle,
 é atribuída essa afirmação crítica, após nos visitar no dia 13 de outubro de 1964,  em plena ditadura militar brasileira, implantada em 31 de março daquele ano. 
O ilustre herói da resistência francesa e da libertação da França do domínio nazista, teria ficado estarrecido com o comprometimento dos princípios da  liberdade e da igualdade,  (tão caros aos povos de toda e qualquer nação, notoriamente àqueles  da França), assim como também o comportamento tirano do governo implantado no Brasil.  Daí, talvez, sua aguda observação de que faltava seriedade na condução da democracia brasileira.
A frase teve imensa repercussão e ficou famosa no Brasil inteiro, causando todo o tipo de reação, quase sempre sem levar em conta o contexto em que teria sido dita: – a vigência da ditadura militar.  Alimentados pelo ufanismo criado pelos militares,  muitos criticaram o presidente francês e alguns, generalizando, passaram a ofender todos os franceses, inclusive agressões físicas àqueles aqui residentes.
No entanto, havia um reconhecimento geral, por parte da grande maioria da população brasileira, aos absurdos que ocorriam no País em relação ao seu truculento ambiente político-militar; aos casos de corrupção; aos problemas na formação educacional; ao direcionamento dos gastos públicos, e à atuação nas relações exteriores. Isso tudo revelava, factualmente, os desacertos na condução da política brasileira;  facilmente percebidos pelo perspicaz estadista francês Charles de Gaulle.

O que poderia ser dito hoje,  diante das mais terríveis aberrações políticas pós militarismo, e atuais?

Excetuando-se os 8 anos de governo de Fernando Henrique Cardoso, e o tampão anterior de Itamar Franco, os ocupantes do Palácio do Alvorada pós Castelo Branco situaram-se entre a força bruta com perseguições, prisões, torturas e mortes (uma característica da ditadura militar de 64;  a demagogia malandra do falso caçador de marajás” (depois impichado)  Collor de Mello;  a comilança criminosa do dinheiro público de Lula da Silva e seus Ladrões;  e, agora por fim, como consequência da premência de  se livrar do banditismo petista, logrou-se eleger-se alguém mais íntegro. 

Foram várias as opções. No entanto, quiz o azar de uma delas.viesse a sofrer um lamentável atentado, e por conseguinte, ausentar-se dos debates prévios (sempre uma oportunidade de se conhecer mais a miúde os candidatos).  Com o impedimento forçado, esse candidato utilizou-se maciçamente da mídia social, onde pôde aproveitar todo o potencial de sua índole capciosa.  Com isso, em um segundo turno, conseguiu eleger-se (embora com uma margem NÃO SIGNIFICATIVA) .  A dura realidade é que ao se livrar da podridão lulista, o Brasil convive, atônito,  com a instalação da personificação da insipiência, da parvalhice  somada à uma personalidade cesarista com sua patológica sede de mando e poder.


Bolsonaro     -   Foto:  Adriano Machado - REUTERS
Essa deformidade política, representada pelo atual Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto,  que atende pelo sobrenome de Bolsonaro, e seus auxiliares (com algumas e raras exceções, é claro!),  fariam, não só o antigo presidente francês Charles de Gaulle abismar-se e gargalhar efusivamente, assim como, também  a maioria absoluta dos estadistas atuais sem esquecer, claro, aqueles que houveram vivenciar os períodos de nossa “política” arrolados no parágrafo anterior.

O desatino no tempo do coronavírus


Lei da quarentena Antes de haver casos da doença no Brasil, o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta solicitou ao atual que atende pelo sobrenome de Bolsonaro,  em 6 de fevereiro,   providências urgentes para aprovar as normas da quarentena no país e medidas de combate ao coronavírus.   A proposta depois de muita relutância por parte do Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome de Bolsonaro,  e os apelos dramáticos de Mandetta,  foi por fim enviada ao Congresso – que a aprovou em 48 horas – como forma de estabelecer regras para a chegada no País dos brasileiros que estavam em Wuhan  (cidade chinesa tida como epicentro da pandemia),  

Imagem:      Rogério Machado Blog
A insensatez, passo a passo


Imerso em uma crise que envolve o Supremo Tribunal Federal e a Polícia Federal  por conta da possibilidade de que seus seus filhos – os cognominados  01, 02 e 03  estejam envolvidos em vários crimes, desde um esquema de divulgação de ataques e notícias falsas,(com coparticipação de alguns empresários bolsonaristas); corrupção ativa e passiva (esquema de “rachadinhas" – caso Fabrício Queiroz)e até envolvimento com milícias, entre outros.  
     Em função de toda essa barafunda, o Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome de Bolsonaro, está completamente perdido em seu labirinto, e do qual – talvez por sua notória incapacidade cognitiva – não consegue encontrar a saída.  Procurou, desesperadamente, uma forma de afastar o então seríssimo
  e incorruptível  Diretor Geral da Polícia Federal Mauricio Valeixo.  Acabou, por fim, exonerando-o,  a partir de um estranho formulário de “pedido de demissão”, com assinaturas inexistentes do próprio Valeixo e – pasmem! – do então Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.

Fritada final dos ovos
      O então ministro Sérgio Moro pediu sua demissão de forma incondicional, “ao vivo e à cores”, em cadeia de rádio e TV.  Com a clareza que lhe é peculiar, e pondo todos os pontos nos ii, Moro expôs todo o esquema podre do Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro.
       A intenção do “messias” (que dois dias depois iria se transformar em “profeta” pelo auto-apelidado “servo” – André Mendonça, empossado como Ministro da Justiça), 
era a de colocar na Direção da Polícia Federal, um “amigo do peito” seu,  e  de sua família; um “pau-mandado”, que lhe passasse todas as informações do andamento dos processos envolvendo os amados filhos. 
       O nome?  “Elementar, meu caro!” (como já dizia o Sherlock Holmes): –   Alexandre Ramagem, delegado e atual Diretor-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
Alenxandre Ramadagem e o revaion com Carlos Bolsonaro - Foto: Google Images
Alexadre Ramagem - Foto: Fátima Meira / Futura Press/Ansa


  Barrado no baile

Ministro Alexandre de Moraes  -  Foto:  Época / Globo

O Supremo Tribunal Federal, na pessoa de um dos seus ilustres Ministros – Alexandre de Moraes – pôs areia no ventilador nas intenções mundanas do “messias” ao deferir uma medida liminar suspendendo a nomeação e posse do Alexandre Ramagem do cargo de Diretor-Geral da Polícia Federal.  Na liminar, o Ministro Alexandre de Moraes diz que 
na nomeação apresenta-se viável a ocorrência de desvio de finalidade do ato presidencial de nomeação do diretor da Polícia Federal, em inobservância aos princípios da impessoalidade, da moralidade e do interesse público"


Em plena campanha antecipada para a reeleição
Bolsonaro  discursa em movimento contra STF e Congresso      -       Foto  República de Curitiba.net
Por uma patológica sede de poder, e vendo a economia esfacelar-se, o que fatalmente lhe comprometerá sua quimera de reeleger-se, o “messias” assumiu uma luta quixotesca, contra todos e contra tudo,  inclusive a saúde dos 210 milhões de brasileiros.  
      Diariamente, tem adotado condutas absurdas, um verdadeiro nonsense , com manifestações contrárias à lógica.  Hoje, por exemplo,  não arrefeceu sua posição nem com a incidência do número de 97 mil contaminados, nem tampouco com a  escalada de mortes no País,  que já ultrapassou, hoje,  a casa de 7 mil óbitos

Vejamos as declarações do desequilibrado  messias vociferadas  em seu linguajar peculiar:

Da gripezinha ao o que eu posso fazer, porra?   , relembre os principais comentários desatinados do Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  em relação ao novo coronavírus:

9 de março:    “Vírus superdimensionado   Incidência:  25 casos
Em evento com a comunidade brasileira em Miami, o Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  minimizou o potencial do novo coronavírus, que já havia causado mais de 3.000 mortes no mundo  (hoje, são mais de 230 mil).
Bolsonaro e comitiva - Jantar no resort de Trump -   Divulgação Profibio Braga Blog
E continuou:  Tem a questão do coronavírus também que, no meu entender, está superdimensionado, o poder destruidor desse vírus.  Então talvez esteja sendo potencializado até por questão econômica, mas acredito que o Brasil, não é que vai dar certo, já deu certo.

15 de março:  Não podemos entrar numa neurose  Incidência:  200 casos
Naquele dia, o Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome de Bolsonaro,  estava em monitoramento recomendado pelo ministério da Saúde, pois boa parte de sua comissão nos Estados Unidos havia sido contaminada.  Ele, no entanto, apoiou e participou de atos pró-governo, tocando nos manifestantes e manuseando o celular de alguns deles para fazer selfies.  Depois,  disse à CNN Brasil:     Não podemos entrar em uma neurose como se fosse o fim do mundo. Outros vírus mais perigosos aconteceram no passado e não tivemos essa crise toda.  Com toda certeza há um interesse econômico nisso tudo para que se chegue a essa histeria.
Bolsonaro faz selfies em conglomerações contrariando OMS   -   Divulgação Folha / UOL
17 de março: “Vírus trouxe histeria Incidência:  291 casos e 1 morte.
Antes de seu aniversário de 65 anos,  o Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  afirmou que existia uma “histeria em relação à crise da covid-19,  e disse que faria uma “festinha tradicional” para celebrar.   No mesmo dia foi registrada a primeira vítima da covid-19 no país, e o presidente fez a seguinte declaração à rádio Super Tupi:
      Esse vírus trouxe uma certa histeria.  Tem alguns governadores,  no meu entender,  posso até estar errado,  que estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia .


Bolsonaro dá bananas a jornalistas - Foto: Adriano Cruz - Agencia Brasil

20 de março: “Gripezinha não vai me derrubar Incidência:  904 casos e 11 mortes.
Pouco depois de terminar uma entrevista coletiva com o então ministro Luiz Henrique Mandetta , chamou a doença de “gripezinha” – termo que já havia utilizado anteriormente para falar da covid-19.
     Depois da facada, não vai ser gripezinha que vai me derrubar, não, tá ok? Se o médico ou o Ministério da Saúde recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes”.

27 de março: Não estou acreditando nesses números  Incidência:   3.417 casos e 92 mortes.
Apesar do consenso em relação à subnotificação de dados referentes à doença, o Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,   colocou em dúvida o alto número de mortes e casos. Ele disse, ter provas,que vários Estados estavam fraudando as causas das mortes das pessoas.
     Se for todo mundo com coronavírus, é sinal de que tem estado que está fraudando a causa mortis daquelas pessoas, querendo fazer um uso político de números. […]  Em São Paulo não estou acreditando nesses números”.
Bolsonaro  -  Foto: Sérgio Lima   /   AFP
29 de março: Todos nós iremos morrer um diaIncidência:   4.256 casos e 136 mortes

Contrariando todas as orientações, incluindo do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde), O Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  saiu para um passeio nos arredores de Brasília. Ele gravou vídeo com apoiadores em Ceilândia e visitou um açougue em Taguatinga. Depois do passeio, disse:
“Essa é uma realidade, o vírus tá aí.  Vamos ter que enfrentá-lo, mas enfrentar como homem, porra,  não como um moleque.  Vamos enfrentar o vírus com a realidade.  É a vida.  Todos nós iremos morrer um dia”.
Bolsonaro em passeio em ruas de Ceilândia/DF     -      Imagem: Globo
12 de abril: “Vírus está indo embora Incidência:   22.169 casos e 1.223 mortes

Em uma live com lideranças religiosas, O Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  voltou a minimizar o novo coronavírus.  Dois dias antes, o país havia ultrapassado a marca de mil mortos pela covid-19.  No mundo, eram mais de 100 mil mortos.
   Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando e batendo forte a questão do desemprego”.

20 de abril: “Eu não sou coveiro, tá? Incidência:  40.581 casos e 2.575 mortes.

Em frente ao Palácio do Planalto, o Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  interrompeu um jornalista que perguntava sobre a quantidade de mortos por conta do novo coronavírus. O país havia contabilizado, apenas em um dia, dois mil casos e 113 vítimas.
     Ô, ô, ô, cara.  Quem fala de… eu não sou coveiro, tá?
Bolsonaro     -     Divulgação Jornal de Brasília 
28 de abril:  E daí? Quer que eu faça o quê?”    Incidência:  71.886 casos e 5.317 mortes
Com mais de 5 mil mortes registradas, 
o país ultrapassou a China, que registra oficialmente 4.443 vítimas da covid-19.   O Inquilino Passageiro do Palácio do Planalto, que atende pelo sobrenome Bolsonaro,  reagiu desta forma ao ser indagado sobre os dados:
E daí?  Lamento.  Quer que eu faça o quê?  Eu sou Messias, mas não faço milagre.
Bolsonaro     -     Foto:  Evaristo Sá  / AFP


Fontes desta Postagem: The Washington Post /  Times Magazine / Veja / Isto É /  Folha de S. Paulo / O Estado de S. Paulo / Globo News / Correio Brazilense / Jornal de Brasília / Museu da Imagem / UOL Notícias