terça-feira, 28 de março de 2017

26/março/2017 às 17h34

Ciro Gomes diz que, se Moro tentar prendê-lo, receberá 'turma' do juiz 'na bala'

Declaração foi dada no dia que PF cumpriu mandados de busca em SP



 VEJA O VÍDEO DA DECLARAÇÃO DE CIRO GOMES:






= Jornal O Globo =   
Por Leticia Fernandes  em 26/03/2017 17h34 / atualizado 27/03/2017 10h53

 O ex-ministro da Integração Nacional no governo Lula, Ciro Gomes (PDT) — que também é pré-candidato a presidente para as eleições de 2018 — gravou um vídeo, na última terça-feira, no qual desafia o juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a prendê-lo. Gomes afirma que, se isso vier a acontecer, ele receberá a "turma" de Moro "na bala".

As declarações foram dadas em uma entrevista ao jornal GGN no dia em que a Polícia Federal cumpriu, em São Paulo, mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva contra o blogueiro Eduardo Guimarães, que edita o site Blog da Cidadania.

"Hoje esse Moro resolveu prender um blogueiro. Ele que mande me prender. Eu vou receber a turma dele na bala", diz o pedetista no vídeo que circula na internet e em grupos de WhatsApp.


Na entrevista, Ciro faz ainda uma ressalva: "Se eu não tiver cometido nada errado".

Em outro trecho da entrevista, Ciro critica o coordenador da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba, o procurador Deltan Dallagnol, pela entrevista coletiva na qual apresentou os fundamentos da denúncia contra o ex-presidente Lula.

"Você pegar um garoto como esse Dallagnol... chamar a imprensa, em tempo real, eu assisti àquilo, o Power Point com aquele negócio todo. O que é isso? E se no futuro, o cidadão por ele acusado dessa forma midiática, exibicionista, espetaculosa, for absolvido? Sabe o que vai acontecer? O estado brasileiro vai ter que indenizar esse cidadão com uma fortuna, e não acontece nada com ele (Dallagnol)", diz.


O ex-ministro faz críticas constantes à atuação de Moro. No ano passado, Ciro chegou a sugerir que, caso o ex-presidente Lula fosse preso no âmbito da Operação Lava-Jato, ele poderia "sequestrar" o petista e levá-lo a uma embaixada com pedido de asilo para que ele possa se defender “de forma plena e isenta”.


— Pensei: se a gente formar um grupo de juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada. À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite. Proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito — disse Ciro ao GLOBO na ocasião.

Pré-candidato à Presidência, Ciro aparecia com 0,4% das intenções de voto, em oitavo lugar, enquanto liderava com 16,6% na pesquisa espontânea realizada pelo instituto MDA de fevereiro, feita sob encomenda da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A margem de erro da pesquisa era de 2,2 pontos percentuais, e o nível de confiança, de 95%.

O “Blog da Cidadania” tem Guimarães como único colaborador e traz notícias próprias, notícias de outros sites e análises do autor sobre política, com viés de esquerda, publicadas desde 2010. O portal se identifica como integrante do “Movimento dos Sem-Mídia”. Guimarães foi candidato a vereador pelo PCdoB, em São Paulo, em 2016, mas não se elegeu. Na nota divulgada no dia das buscas, a assessoria da Justiça Federal escreveu considerar o blog “veículo de propaganda política”. Mencionou que em seu cadastro no TSE, Guimarães se identificou como comerciante.





O que pode acontecer se o TSE pedir a cassação da chapa Dilma-Temer?
Descrição: https://ssum-sec.casalemedia.com/usermatchredir?s=183697&cb=https%3a%2f%2fdis.criteo.com%2frex%2fmatch.aspx%3fc%3d25%26uid%3d%25%25USER_ID%25%25

O processo que pode cassar o presidente Michel Temer devido a supostas ilegalidades na campanha eleitoral está entrando em sua fase final no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). De acordo com a assessoria da corte, o julgamento pode ter início já na próxima semana. Mas quem pode assumir a Presidência em um eventual afastamento do peemedebista do cargo?
Com a queda de Temer, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumiria a vaga de presidente temporariamente. Porém, Maia responde por denúncias de que teria recebido vantagens indevidas da empreiteira OAS para defender os interesses da empresa em projetos na Casa. As denúncias constam de um inquérito da PF, que pede ao Ministério Público Federal para investigar Maia pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Carmén Lúcia está na linha sucessória para a Presidência da República, no caso de queda de Temer e impedimento dos presidentes das casas do Legislativo

Maia também é um dos alvos dos 83 inquéritos cuja abertura foi pedida pela Procuradoria-Geral da República (PGR), e que fazem parte da lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Dessa forma, Maia poderia se tornar réu antes de assumir a Presidência. Nas delações da Odebrecht, ele é conhecido como “Botafogo”.
Caso parecido é o do presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB), que também é citado na “lista de Janot”, e que seria o próximo na linha sucessória para a Presidência da República. Eunício é acusado na operação Sépsis, um desdobramento da Lava-Jato, de receber R$ 5 milhões por meio de contratos fictícios para sua campanha ao governo do Ceará em 2014, além de ter sido citado em outras duas delações. Nas planilhas da Odebrecht, Eunício era chamado de “Índio”.
E se eles se tornarem réus?
Em dezembro de 2016, o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF), afastou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da Presidência do Senado. O ministro entendeu que, como o senador tornou-se réu numa ação penal, não poderia ocupar um cargo que o deixasse na linha sucessória da Presidência da República. 
Porém, dias depois, o próprio STF decidiu por manter o senador na Presidência da Casa, ressalvando seu impedimento de substituir Temer no caso de vacância do cargo de presidente da República.
Levando em consideração que Calheiros, mesmo na condição de réu, permaneceu com o cargo devido a uma decisão da Justiça com a condição de ficar fora da linha sucessória, um precedente foi aberto que deve valer para os atuais presidentes da Câmara e do Senado.
Se ambos receberem a mesma punição sofrida por Calheiros durante um possível processo de cassação do presidente Michel Temer, quem assume o cargo de presidente da República é a presidente do STF, Carmén Lúcia.

Esse é o quadro atual da política brasileira. Se Temer cair e os precedentes forem cumpridos no caso de condenação dos presidentes das Casas do Legislativo, o governo do Brasil será assumido pela Presidência do Supremo Tribunal Federal.