01/outubro/2017
Cunha acusa Janot de conluio com o PT para
tentar derrubar Temer
Ex-presidente da Câmara concedeu entrevista à revista
"Época"
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB- RJ) ― Foto: Eraldo Peres / AP
O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acusou Rodrigo Janot,
ex-procurador-geral da República, de conluio com o PT para tentar derrubar
tanto ele quanto o presidente Michel Temer. Em entrevista à revista
"Época", o peemedebista negou envolvimento nos acontecimentos
relatados pelo empresário Joesley Batista em delação premiada e afirma que pode
"arrebentar" outras delações, como a do doleiro Lúcio Funaro, de quem
era próximo.
― Havia uma linha direta entre Janot e Dilma que passava
pelo José Eduardo Cardozo. Uma operação coordenada. Eles precisavam me
derrubar, mas eu derrubei a Dilma antes - declarou, acusando o ex-procurador de
atuar "em dobradinha com Dilma Rousseff".
Preso em outubro de 2016, o ex-deputado teve proposta de
delação recusada pelos procuradores do grupo de trabalho da Lava-Jato em
Brasília. Ele afirmou que o objetivo de Rodrigo Janot não era obter "a
verdade", mas sim "derrubar o Michel Temer".
De acordo com Cunha, as delações fechadas por Janot
precisavam confirmar as versões anteriores de outros colaboradores. Ao citar o
caso da JBS, negou ter recebido pagamentos citados por Joesley e acusou o
empresário de ter "poupado o PT" em sua delação. Ele afirmou que o
sócio da JBS omitiu dos procuradores uma reunião que os dois tiveram com o ex-presidente
Lula para discutir o impeachment de Dilma Rousseff: "Lula estava tentando
me convencer a parar o impeachment".
―Janot queria que eu colocasse mentiras na delação para
derrubar o Michel Temer. Se vão derrubar ou não o Michel Temer, se ele fez algo
de errado ou não, é uma outra história. Mas não vão me usar para confirmar algo
que eu não fiz, para atender aos interesses políticos do Janot. Ele operou
politicamente esse processo de delações - afirmou ex-presidente da Câmara.
Cunha afirmou que Lúcio Funaro, operador do PMDB, também
mentiu em sua delação. Segundo o ex-deputado, Funaro não tinha acesso direto a
Temer ou outros deputados, embora tenha admitido ter apresentado alguns
parlamentares ao doleiro:
― A delação do Lúcio Funaro foi feita única e exclusivamente
pelo que ele ouviu dizer de mim. O problema é que ele disse que ouviu coisas
que não aconteceram.
As críticas também se estenderam ao juiz Sergio Moro, que,
segundo o ex-deputado, "julga por convicção, não por provas".
― Nós temos um juiz que se acha salvador da pátria. Ele quis
montar uma operação Mãos Limpas no Brasil, uma operação com objetivo político.
Queria destruir o establishment, a elite política. E conseguiu - disse.
Cunha, que ainda aguarda julgamento do habeas corpus no
Supremo Tribunal Federal, reclama que todos os citados na delação de Joesley Batista
foram soltos menos ele.
― Minha prisão foi absurda. Não me prenderam de acordo com a
lei, para investigar ou porque estivesse embaraçando os processos. Prenderam
para ter um troféu político. O outro troféu é o Lula. Um troféu para cada lado.