domingo, 11 de outubro de 2020

 SE O AR ENTRA: É VIDA.  SE O AR NÃO ENTRA:  É NÃO-VIDA.


             ― Essa é a visão que os índios PIRAHÃS têm do que é VIDA e do que é MORTE.

Aliás,  não MORTE, mas sim NÃO-VIDA.   Para os Pirahãs, a morte, como nós a concebemos não existe.  O que existe é a não-vida.  Não se trata de um conceito filosófico, mas sim uma idelização da importância do ar para os seres racionais (cidadinos, sertanejos, caboclos, índios), seja para os seres irracionais (peixes, jacarés, macacos, onças).


Para os Pirahãs, o que ingere o ar, tem consciencia do que o cerca (no nosso conceito, ESTÁ VIVO).  O que não ingere o ar, não tem consciencia do que o cerca (no nosso conceito: ESTÁ MORTO).

Antes que avancemos nessas considerações,  se faz necessário saber  quem são esses nossos irmãos indígEnas com concepções tão características.

 Quem são os PIRAHÃS?


Os indígenas  Pirahãs  (também chamados de Piranhãs, Pirarãs, ou Mura-pirahãs) é um povo monolíngue e seminômade.

A raça dos Pirahãs pertence antropologicamente à espécie de caçadores-coletores,, existente há 30.000 atrás.


Havia cerca de trezentos e cinquenta pirahãs em 2004,  distribuídos em oito aldeias ao longo das margens  do rio Maici, afluente do rio Marmelos,  que por sua vez é um afluente do rio Madeira, sendo este afluente do rio Amazonas.
Trecho do rio Maici nas proximidades das aldeias dos Pirahãs
As paixões dos Pirahãs
Vimos no início desta Postagem que para os Pirahãs,  tudo que ingere o ar,  tem conciencia do que o cerca (no nosso conceito, está vivo).  E, pelo contrário,  tudo o que não ingere o ar,  não tem consciencia do que o cerca (no nosso conceito: está morto).

Essa visão lógica dos Pirahãs faz com que eles tenham um amor exacerbado pelas árvores,  pelas matas pelas florestas, as quais, concebem eles,  lhes fornecem os ventos, lhes fornecem o ar.

Vento na floresta ptóxima das aldeias dos 

(Aqui, abrimos um parêntese para realçar que, infelizmente,cretinos ordinários que,  por objetivos escrotos,  vociferam o oposto:   são os indígenas,  e os caboclos que  incendeiam as florestas para fazerem seus roçados”.   Fechemos, rapidamente, o parêntese, antes que vomitemos).

Outra paixão desmedida dos indígenas Pirahãs é pela CHUVA.   A chuva manteria a constância das árvores (frutíferas,  ou não);  dos igarapés; dos rios;  das lagoas do ar! 

Chuva torrencial em trecho de floresta amazônica

Bem por isso, os Pirahãs concebem o tempo como uma alternância entre duas estações bem marcadas; definidas pela quantidade de água que cada uma possui ÉPOCA DA SECA (piaiisi em sua linguagem)  e  ÉPOCA DA CHUVA (piaiisai em sua linguagem).

 Um povo “curioso”

Em  5 de agosto de 1970, um missionário norte-americano,  Daniel Everett, manteve  contato com os Pirahãs.  Ele se fazia acompanhar pela sua esposa Linda Ann e seus 3 filhos.  

O hoje linguista Daniel Everett  -  Crédito dsa foto:  Getty Omages

Daniel havia completado 29 anos, 10 dias antes de ter seu barco avariado e encostado-o  nas areias de uma das margens do rio Maici.  O missionário banhava-se no rio, e divertia-se jogando água  nos filhos e na esposa,  no momento em que um grupo de 2 homens e 3 mulheres aproximou-se,  portando enormes potes de barro que foram enchidos com águas do rio. 

Daniel relatou na entrevista que concedeu no programa "Conversa com o Bial"da Rede Globo, na semana passada,  que os 5 índios,  após encherem seus potes,  sentaram-se na borda do barco avariado e passaram a observar,  atentamente,  o missionário e seus familiares.   Saindo da água e, rapidamente, aproximando-se do grupo de índios,  Daniel foi obrigado a tirar sua roupa de banho, o mesmo ocorrendo com seus familiares.

Em sua entrevista, o hoje linguista Daniel Everett revelou que o fato de sua família ser ruiva fez o encantamento dos indígenas.  Os Piarahãs possuem uma pele muito escura. 

Uma vez na aldeia,  a dimensão da curiosidade por aqueles ruivos norte-americanos,  só foi menor do que a observada pelo missionário quanto à linguagem e os costumes daquele povo que o acolheu.  

Quanto aos costumes,  sua primeira absorta observação foi quando imediatamente ao chegar,  vindo da beira do rio e se alimentar com um "omelete" de ovos de jacarélhe foi entregue um dos grandes e pesados potes de água,  e lhe indicado que seguisse 3 integrantes da tribo.  Após caminharem por uns 2 quilômetros e se embrenharem no meio da mata,  o então missionário imitou o gesto de seus 3 “colegas” de jornada.  Despejou o conteúdo do seu enorme pote no tronco de uma árvore.

Foi quando ele observou que se encontravam em uma ÉPOCA DE SECA,  portanto  AS ÁRVORES PRECISAVAM RECEBER ÁGUA, sistematicamente.

Sem o que,  elas DEIXARIAM DE RESPIRAR e,  portanto,  não mais forneceriam o preciso AR para que os Pirahãs CONTINUASSEM RESPIRANDO.  Ou seja,  segundo o nosso conceito, VIVENDO.

Daniel Everett,   com sua família,  viveu entre os Pirahã por doze anos.  

Durante esse período, o que mais lhe chamou a atenção, foi a alegria de viver que emanava  de cada um  dos integrantes daquele grupo de amantes  da natureza.

Crédito da foto:   Google Images

Crédito da foto:  Google Images

(Mais uma vez abrimos um parêntese,  para não deixarmos de lembrar que seria mais do que fundamental que o CRETINO ORDINÁRIO  que VOMITA serem índios e caboclosincendiários”,  abandonasse suas lives e aprendesse uma única palavra qualificativa na língua pirahã:  MENTIROSO.  Fenhamos o parêntese, rapidamente).

A línguagem pirahã

língua pirahã[ é da família linguística mura, não extinta,  sendo que todas as demais desapareceram nos últimos séculos.  Essa língua não tem nenhuma relação com qualquer outra língua existente Não é considerada em risco de extinção, pois seu uso é bem forte, sendo que os Pirahãs falam somente esse idioma.

Apresenta características peculiares, não encontradas em outras formas de expressão oral. Teve sua gramática elaborada em 1986 pelo ex-misionário Daniel Everett, hoje um linguista de projeção internacional.

Peculiaridades da linguagem pirahã

= O falar pirahã apresenta um som “sem voz”, dental, com tremor bilabial, fricativotambém  pode ser expresso por ruídos lábiais, ou assobios ou zumbidos (como “Mmmm” com lábios fechados).

= Não há escrita, A lingua pirahã é feita pelos sons de apenas três vogais (AI e O) e seis consoantes: GHSTP e B;

= A pronúncia de muitos fonemas depende do sexo de quem fala, havendo, por exemplo, uma sétima consoante (algo como K) somente para os homens.

= Apenas alguns dos homens, NUNCA MULHERES, conseguem se  expressar – pessimamente e de uma forma “acaboclada”– em Nheengatu  ( uma língua  de origem tupi).. Podem ser usadas pouquíssimas  palavras desse idioma, mas a lógica é a gramática pirahã.

= As sentenças  são muito limitadas

= Não tem numerais, apenas a noção do unitário (significando também “pequeno”).  e de muitos (significando também “grande”)   

= Não existem as quantificação numéricas. Não usam números, mas quantidades relativas.[2]   "um" e "dois";.

= Não há palavras para definir cores, exceto:  "CLARO" e "ESCURO

= Tudo é falado no presente, não há o tempo futuro nem o passado.  

No final: crença e descrença.

O fato de não conceberem o passado e nem o futuro e, por não conceberem  a realidade da vida  bem como a realidade da morte,   faz os Pirahãs serem  um povo, portanto, destituído dos mitos da Criação, como contidos nos textos bíblicos.

O hoje linguista Daniel Everett,  quando de sua permanência junto aos  indígenas Pirahãs como MISSIONÁRIO protestante,  e após ter aprendido – ainda que elementarmente  a se comunicar,  tentou ministrar àquele povo as bases bíblicas de Deus e de Jesus. 

A conversão à religião cristã era o seu propósito primordial.  Após 12 anos de convivência,  o missionário cristão aceitou como procedentes os conceitos existenciais dos Pirahãs, e tornou-se ATEU. Abandou radicalmente o cristianismo,  e a crença na vida, morte e ressureição de Jesus e da existência em Deus.  A constância dinâmicadas florestas com seus frutos e animais; das águas com seus peixes e répteise do ar,  é a RESPONSÁVEL  ÚNICA, pela alimentação dos Pirahãs;  e de todos nós.

Inclusive do OGRO que persiste contaminando o Alvorada.



Fontes:  Ibama / TV Globo / Valor Econômico / Veja-Abril / ISTO É / ÉPOCA / The New york Times / Washington Post / O Estado de S. Paulo / Jornal de Brasília / Folha de S. Paulo / FUTURA PRES / REUTERS / Google Images

Crédito das fotos:  TODAS AS FOTOS são do ARQUIVO PARTICULAR do linguista e ex-missionário Daniel Everett, exceto as 3 fotos de festejos dos Pirahãs, cujo crédito é de Google Images.

 

COMENTÁRIOS:

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12 comentários:

  1. Olha só já sei pra onde vou afim de não escutar mais as ASNEIRAS BOLSONARISTAS. Vou viver com os Pirahãs. BOA NOITE, BEIJOS pra TODOS e, tchau!
    Maria das Graças - BELÉM, PA.

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    1. Maria, QUERIDA, você sabe que vou pra onde você for. Para as aldeias dos Pirahãs, vou à galope, tchê Querida.
      ANITA Porto Alegre.

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  2. Anita e Maria das Graças, eu carrego as malas de vocês forem levá-las. Se não forem levar malas nenhuma, eu carrego vocês da mesma forma. De minha parte, quero dar mil mergulhos no Maici, e provar o omelete de ovos de jacaré, tal qual o ex- missionário Daniel.
    Valeu?
    Rogério Machado, Sampa.

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    1. BOA NOITE, Rogério. O Zé Antônio mandou mensagem pelo meu e-mail. Tão logo eu o abra, darei ciência a você e a todos. Assim ele me solicitou. Até lá, muito obrigado pela fundamental aceitação da Postagem. ABRAÇOS.

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  3. Maria das Graças, BOA NOITE. Que bom que você adorou os nossos Pirahãs. São LINDOS, como foi linda a experiência do agora linguista Daniel Everett. Se você decidir ir, me avisa. Meus BEIJOS, Maria.

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  4. Anita, você também acompanharia a Gracinha. Que LINDA decisão. E pelo que li do comentário do Rogério, vocês duas não irão sequer se preocupar com as malas. Bah! Tri-legal, tchê! LEVEM MEUS BEIJOS com muita saudade.

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  5. Olá, pessoal. Acabei de ler a Postagem. Como sempre, fiquei emocionado pelo teor sobre os nossos MARAVILHOS Irmãos Pirahãs. Se o OGRO (adorei o rótulo) capitão soubesse ler, ele iria moer até às vísceras imundas. GRANDES ABRAÇOS e BEIJOS, Turma. -- LUCAS SIQUEIRA, Santos. Só.

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  6. Boa noite, meus QUERIDOS: Amigas e Amigos. Estive com um probleminha de NET, então mandei e-mail para o LAGO. Agora que está sanado TREM chamado "NET", o que disse no e-mail, foi sobre a minha experiência no Parque Nacional do Xingú. FOI INESQUECÍVEL. Por isso, ao ler a Postagem de HOJE, chorei inconsolável mente. Agradeci por e-mail ao LAGO, agora faço o registro aqui. E mando meus ABRAÇOS e ABRAÇOS juntos com os meus APLAUSOS. --- Zé Antônio, BELO HORIZONTE.

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    1. Ok, Zé Antônio, está registrado a sua INESQUECÍVEL EXPERIÊNCIA com os povos do Xingú. Ficamos radiantes. Receba nossos ABRAÇOS. (Você continua nos devendo os PÃES DE QUEIJO).

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  7. BOA NOITE, meus Amores. Antes de tudo, meus APLAUSOS ao BARRACO, pela BRILHANTE POSTAGEM. Um tema mais do que oportuno. NECESSÁRIO, para tapar a boca desse IMUNDO Capitão Cloroquina. Esse ORDINÁRIO não lerá o nosso BARRACO; ele só não é ANALFABETO pros lava-botas dele. Melhor. Assim o fedor de ladrina que ele e seus cupinchas emanam é de vomitar. -- Falemos de flores. E de BEIJOS. -- Mariaa Antônia Meireles, Campinas - SP

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  8. Gente Amiga, as terras dos Pirahãs assemelha-se à Passárgada do Manoel Bandeira. "Vou rme embora pra Passárgada lá sou amigo do rei. Lá tenho a mulher que eu quero, na cama que escolherei. Vou me embora pra Passárgada." -- À imitação do Bandeira, vou me embora pros Pirahãs. Lá não tem um ESCROTO como o OGRO Capitão PINÓQUIO. (Lago, adorei o novo qualificativos pro Cloroquina: "OGRO".) -- VOCÊ é NOTA MIL, meu Querido Amigo. --- BEIJOS pra Você e para todos. Marinês Santana -- Ribeirão Preto, SP.

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  9. Olá Marinês!... Adorei seu comentário. MARAVILHOSA a sua comparação das terras dos Pirahãs á Passárgada do inesquecível poeta Bandeira. APLAUSOS, Marinês. (E obrigado pelo elogio. Não mereço. E, por isso, devolvo a Você e à TODOS OS NOSSOS AMIGOS. Muitos BEIJOS para Você e para Ribeirão Preto.

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