UMA IGNOMÍNIA À PROFISSÃO DO PROPAGANDISTA FARMACÊUTICO.
― O dia 14 de
julho é dedicado ao Propagandista de Laboratório, também conhecido como
Propagandista-Vendedor, Representante Farmacêutico, ou simplesmente
Propagandista.
E nesta oportunidade, nós abrimos um parêntese neste texto de hoje, para deixar registrado os nomes das mais expoentes figuras da Indústria Farmacêutica: Nelson Marques, Hudson Guedes, Ronaldo Teixeira Mesquita (Sankyo Pharma), Franco Lubatti (Chiesi), Bruno Hollnagen (Novartis), Clateo Castelini, Claudio Pugliesi (Lepetit-Hoechst-M.Roussel) , Ricardo Ridel (Pfizer), com os quais tive a honra de trabalhar, e muito aprender.
Crédito da imagem: Valor Econômico (divulgação) |
Para exercê-la alguns
atributos essenciais têm que ser observado:
- Agudo conhecimento dos produtos a serem divulgados:
farmacologia, farmacocinética, farmacologia, com destaques indispensáveis às
suas indicações, contra-indicações, efeitos colaterais, posologia, toxicologia, e
suas interações medicamentosas, além de suas hemi-vidas plasmáticas. Em outras
palavras: o Propagandista-Vendedor tem que conhecer os medicamentos
tão bem quanto os próprios médicos, a
fim de poder sanar qualquer dúvida que eles (médicos) ainda possam ter.
- Excelente aparência
pessoal, pois representam a imagem da Empresa que os emprega;
- Ótimas capacidades de
argumentação, e saber lidar com estratégias de marketing para conquistar a
atenção do seu público-alvo (médicos e farmacêuticos).
A ANTÍTESE DO PROPAGANDISTA DE
LABORATÓRIO, OU O DESRESPEITO À CIÊNCIA MÉDICA.
O vulgar “propagandista médico-farmacêutico” que atende
pelo nome de Jair Messias, também conhecido pela alcunha de “Capitão Tálkey”, tem
se ocupado a divulgar, de forma criminosa, as substâncias cloroquina e sua variante hidroxicloroquina, no
tratamento das infecções causadas pelo novo coronavírus (Covid-19).
Porque
essa divulgação é CRIMINOSA?
Em primeira instância, por serem utilizadas as redes sociais (meios notoriamente não médicos-científicos).
Em segundo lugar – e de capital importância – ambas as
substâncias não possuem o aval das Agências reguladoras de medicamentos. Seja
a FDA nos Estados Unidos, seja a nossa
ANVISA, sejam todas as outras Entidades em todos os demais países, não
aprovaram o uso da Cloroquina e sua co-irmã Hidroxicloroquina para o tratamento
das infecções pela Covid-19, como quer o tal capitão Jair, e seu amalucado
“guru” Trump. (Ambos preocupados em abocanhar mais um
período de boas mamatas).
Crédito da imagem: Google Images |
Aliás, conforme deu conta pelo seu tweeter de 31 de maio, o "ilustrado" ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, o “mui amigo” Trump desovou 2
milhões de doses de Hidroxicloroquina para a filial brasileira, antes que fossem
vencidos os prazos de validades dos comprimidos.
Crédito da imagem: Twitter |
Crédito da imagem: The New York Times (divulgação) |
Mesmo sem eficácia comprovada, o
ministério da Saúde, na pessoa do General Eduardo Pazuello (que não é médico, e
não sabe distinguir uma artéria de uma veia) e seus 22 auxiliares militares
(que também não são médicos, e que não sabem sequer para que é e, muito menos, para que serve o fígado), já
entregou em 29 de junho, 4
milhões, trezentas e setenta e quatro mil unidades
de cloroquina.
Crédito das imagens: Google Images |
Sem a aceitação por parte da classe médica, por falta de
comprovação clínica, a pergunta que paira ameaçadora é: qual destino se dará a essa montanha de doses quando seus prazos de
validade estiverem vencidos? Adubar-se-ão
os gramados no entorno do palácio do capitão Jair?
Crédito da imagem: Folhapress (divulgação) |
Afinal, para quais afecções estão aprovadas para uso terapêutico a CLOROQUINA e a HIDROXICLOROQUINA, pelas Agências Reguladoras?
Simples,
muito simples (e sem cometer crimes médicos): basta seguir suas bulas
aprovadas.
Vamos repassá-las, sem mais delongas.
TEXTOS DE BULAS APROVADAS PELA ANVISA
Esses medicamentos
são indicados, COMPROVADAMENTE, para o
tratamento de:
Malária
– Profilaxia
e tratamento das crises agudas,
provocadas
por Plasmodium vivax, P. ovale, P. malariae e
cepas sensíveis de P. falciparum.
– Tratamento
radical da provocada por cepas sensíveis de P. falciparum.
Lúpus eritematoso
sistêmico e discoide
Afecções reumáticas e dermatológicas
Condições
dermatológicas
provocadas ou agravadas pela luz solar.
EFEITOS
COLATERAIS e REAÇÕES ADVERSAS da Cloroquina e Hidroxicloroquina
Cardiomiopatia que pode resultar em insuficiência cardíaca e em alguns casos com
desfecho fatal (Óbito).
Toxicidade crônica deve ser considerada quando ocorrerem distúrbios de
condução (bloqueio de ramo/bloqueio átrio-ventricular) bem como hipertrofia
biventricular.
A suspensão do tratamento leva à
recuperação.
Prolongamento
do intervalo QT em pacientes com fatores de risco específicos, que podem causar
arritmia (torsade de pointes, taquicardia ventricular).
Distúrbios
hematológicos e do sistema linfático
Distúrbios de
metabolismo e nutrição
Anorexia.
Distúrbios
psiquiátricos
Labilidade emocional.
Nervosismo.
Psicose, comportamento suicida.
Distúrbios do sistema
nervoso
Convulsões têm sido reportadas com esta classe de medicamentos.
Distúrbios extrapiramidais, como distonia,
discinesia, tremor.
Distúrbios oculares
Visão borrada devido a distúrbios de acomodação que é dose dependente e
reversível.
Tais
alterações podem ser assintomáticas, ou podem causar distúrbios tais como
halos, visão borrada ou fotofobia. Estes sintomas podem ser
transitórios ou são reversíveis com a suspensão do tratamento.
Casos de maculopatia e degeneração macular foram reportados e podem ser
irreversíveis.
Distúrbios de audição e
labirinto
Perda de audição.
Distúrbios
gastrintestinais
Dor abdominal, náusea.
Diarreia, vômito.
Esses
sintomas geralmente regridem imediatamente com redução da dose ou suspensão do
tratamento.
Distúrbios
hepatobiliares
Insuficiência hepática fulminante.
Distúrbios de pele e
tecido subcutâneo
Erupção cutânea, prurido.
Alterações pigmentares na pele e nas membranas mucosas, descoloração do
cabelo, alopecia. Estes sintomas geralmente
regridem rapidamente com a suspensão do tratamento.
Distúrbios
musculoesqueléticos e do tecido conjuntivo
Distúrbios motores sensoriais.
Miopatia dos músculos
esqueléticos ou neuromiopatia levando à fraqueza progressiva e atrofia do grupo
de músculos proximais.
A
miopatia pode ser reversível com a suspensão do tratamento, mas a recuperação
pode durar alguns meses.
Estudos
de diminuição dos reflexos tendinosos e anormalidade na condução nervosa.
Casos de cardiomiopatia, resultando em
insuficiência cardíaca, em alguns casos com desfecho fatal (óbito), têm sido relatados em pacientes tratados
com Hidroxicloroquina. O monitoramento clínico de sinais e sintomas de
cardiomiopatia é aconselhado e Hidroxicloroquina deve ser descontinuado aos
primeiros sinais. Toxicidade crônica deve ser considerada quando distúrbios de
condução (bloqueio de ramo/bloqueio átrio-ventricular) e/ou hipertrofia
biventricular são diagnosticados.
Outros
monitoramentos em tratamentos em longo prazo
Pacientes
em tratamento em longo prazo, devem realizar contagens periódicas de sangue
completo, e caso desenvolvam anormalidades, a Hidroxicloroquina deve ser
descontinuada.
Todos os
pacientes submetidos à terapia em longo prazo com Hidroxicloroquina devem
realizar exame periódico da função dos músculos esqueléticos e reflexos
tendinosos. Caso seja observada fraqueza, o medicamento deverá ser suspenso.
Potencial risco
carcinogênico
Dados
experimentais apresentaram um potencial risco de indução à mutação genética.
Dados de carcinogenicidade em animais estão disponíveis somente para uma
espécie com medicamentos semelhantes à cloroquina e, este estudo foi negativo.
Em humanos, dados são insuficientes para descartar que Hidroxicloroquina pode
levar a um aumento do risco de câncer em pacientes submetidos ao
tratamento em longo prazo.
Foram
reportados casos raros de comportamento suicida em pacientes tratados com
Hidroxicloroquina.
Podem
ocorrer distúrbios extrapiramidais com Hidroxicloroquina e Cloroquina.
Crédito da imagem: Notícias UOL (divulgação) |
Crédito da imagem: Facebook |
― Fazer o quê? Se fôssemos ordinários, como ele o é, iríamos versejar, como ele ridiculamente faz:
"Quem é de
direita, toma Cloroquina,
Quem é de
esquerda, toma tubaína."
Crédito da foto: Paulo Lopes / Futura Press |
FONTES: O Estado de S.Paulo / A Folha de S. Paulo / Jornal de Brasília / Correio Braziliense / VEJA / ÉPOCA / ISTO É / VALOR Econômico / The New York Times / UOL Notícias / Facebook / Twitter /
COMENTÁRIOS:
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CONCORDO, em gênero, número e grau. PARABÉNS!!! Continuem a denunciar. Como se diz, popularmente: PAU NELES. Não passam de uns ordinários.
ResponderExcluirFicamos agradecidos por suas palavras, e pelo enorme incentivo. Continue conosco. ABRAÇOS.
ExcluirPARABÉNS pelo EXCELENTE BLOG. Eu apenas gostaria de dar minha modesta análise. ----- O presidente Bolsonaro, agora infectado pela covid-19, aparece, como se fosse um garoto propaganda, ingerindo hidroxicloroquina. Omite, todavia, que também que foi receitado o antibiótico AZITROMICINA. Além de que diariamente faz dois exames cardíacos, necessários para quem faz uso da CLOROQUINA (ou sua variação: HIDROXICLOROQUINA. --- Dissimulado, NÃO SE ACANHA em fazer um hiato entre os atos. --/-- Marcelo ALENCAR
ResponderExcluirGRATOS, Marcelo, por sua consideração ao nosso Blog. E, nossos APLAUSOS pelas suas ponderações à insensatez incurável do "doutor" Capitão.
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