30/janeiro/2017 às 11h45
Eike
Batista tem cabeça raspada e é transferido para presídio em Bangu
Empresário preso
nesta segunda-feira deixa presídio Ary Franco e vai para Bangu 9
Eike Batista - Foto: Fabio Motta / Estadão |
Preso por policiais federais ainda no Aeroporto Internacional Tom Jobim,
logo após chegar em um voo de Nova York, pouco antes de 10h, Eike passou por
exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), antes de ser
encaminhado ao Ary Franco, em Água Santa, por volta de 11h15m.
Após passar por triagem no Ary Franco, onde teve a cabeça raspada e
vestiu o uniforme de interno, ele foi transferido para Bangu 9. O motivo seria
a falta de segurança na penitenciária de Água Santa.
Por não ter nível superior completo, o empresário não pode ir para Bangu
8, onde está o ex-governador Sérgio Cabral e outros presos durante as operações
Calicute e Eficiência, os braços da Lava-Jato no Rio.
Mais cedo, ainda quando Eike estava no Ary Franco, o advogado do
empresário, Fernando Martins, não confirmou se a defesa entrará de imediato com
um pedido de habeas corpus, mas disse que
a integridade física do empresário é uma preocupação.
— É sempre uma preocupação nossa, não por ser o Ary Franco, ou qualquer
outro lugar, mas nos preocupamos e tomameros as medidas cabíveis.
O empresário estava em Nova York quando se tornou alvo de mandado de
prisão preventiva da Operação Eficiência, deflagrada na última quinta-feira.
Seu retorno ao Brasil foi negociado com a Polícia Federal. Ele embarcou na
cidade americana ontem às 21h45m (0h45m no horário de Brasília). No aeroporto
JFK, o empresário
afirmou ao GLOBO que volta ao Brasil para responder à Justiça e
negou que já tenha negociado uma delação premiada. Na mesma entrevista, ele
disse que "tem que mostrar o que é" e que precisa passar "as
coisas a limpo".
Eike é suspeito de praticar crimes de lavagem de dinheiro e corrupção
ativa. Como não tem diploma de curso superior, ele não terá direito a cela
especial. Porta de entrada para o sistema carcerário do Rio, com capacidade
para 968 presos, o Ary Franco está superlotado: tem, hoje, 2.129 detentos.
Investigadores à frente do caso no Rio confirmaram, ontem, que esperavam
que o empresário se apresentasse nesta segunda-feira às autoridades. Eike teve
seu pedido de prisão preventiva expedido na quinta-feira em decorrência das
apurações da Operação Eficiência, desdobramento da Lava-Jato. Ele é suspeito de
corrupção e lavagem de dinheiro, por, segundo o Ministério Público Federal
(MPF), ter pago US$ 16,5 milhões em propinas no exterior ao ex-governador
Sérgio Cabral.
Considerado foragido após não ter sido encontrado em sua casa na última
quinta-feira, Eike assumiu, junto a autoridades brasileiras, o compromisso de
voltar ao Rio. A PF decidira que, se o empresário não cumprisse o acordo,
pediria imediatamente a prisão dele nos Estados Unidos. Caso fosse necessário,
o pedido seria feito por intermédio do Departamento de Recuperação de Ativos
Financeiros (DRCI), órgão do Ministério da Justiça.
A demora das autoridades brasileiras em conseguir que Eike fosse preso
em Nova York, uma das cidades mais conhecidas pelo alcance de seu policiamento,
não foi gratuita. Na verdade, em nenhum momento, os investigadores ou o governo
brasileiro pediram que o empresário fosse de fato preso pela polícia americana.
Ao contrário de alguns países que iniciam buscas tão logo o nome do
procurado seja incluído na lista da Interpol, os Estados Unidos exigem que a
agência internacional ou o governo do país interessado na prisão faça um pedido
específico ao ministério público local, e um juiz precisa deferir a
solicitação. A Polícia Federal, deliberadamente, não deu este passo. O objetivo
era conseguir que Eike se entregasse de forma negociada, o que vai ocorrer
hoje.
De acordo com autoridades brasileiras, a negociação é vantajosa, uma vez
que a prisão do empresário no exterior exigiria um longo processo de extradição
ou deportação, cujo trâmite poderia durar meses.
“PASSAR AS COISAS A LIMPO”
— Eu tô voltando e (vou) responder à Justiça, como é o meu dever —
afirmou no Aeroporto JFK antes de embarcar, acrescentando: — Sentimento é de
ter que mostrar o que é. Está na hora de eu ajudar a passar as coisas a limpo.
Eike confirmou que não tem ensino superior completo e que fez apenas
dois anos do curso de engenharia na Universidade de Aachen e "saiu para
trabalhar, para ganhar dinheiro". E desconversou ao ser perguntado se, em
algum momento, vai levar a público fatos até agora desconhecidos.
— Olha, como estou nessa fase, me entregando à Justiça, melhor não falar
nada. Depois a Justiça, e o que for permitido falar, vai acontecer depois.
Agora não dá.
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