quarta-feira, 15 de junho de 2016

Temer propõe teto para gasto público por dez anos, renováveis por mais dez

O presidente interino Michel Temer enviou ao Congresso Nacional nesta quarta-feira (15) a proposta de emenda constitucional (PEC) que limita os gastos federais à variação da inflação. A proposta estabelece prazo de 10 anos, renováveis por mais 10 anos, para que a medida vigore. A iniciativa, cujo maior entusiasta é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chamou a atenção do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), segundo interlocutores.
Em encontro nesta quarta-feira, com líderes de partidos, Temer argumentou que o objetivo de adotar um prazo mais longo é fazer uma sinalização para o mercado financeiro sobre o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal. O argumento do Palácio do Planalto é que o teto de gastos públicos é essencial para sinalizar um reequilíbrio das contas públicas no médio prazo.
O presidente interino, Michel Temer, se reuniu com líderes de partidos aliados 
O presidente interino, Michel Temer, se reuniu com líderes de partidos aliados 
O novo regime fiscal passa a valer para todos os Poderes da União e os órgãos federais com autonomia administrativa e financeira, integrantes dos Orçamento Fiscal e da Seguridade Social.
Ainda de acordo com a PEC, no caso de descumprimento do limite, fica vedada concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de servidores públicos, bem como criação de cargo, emprego ou função que implique aumento de despesas; alteração deestrutura de carreira com aumento de despesas, admissão ou contratação de pessoal e a realização de concursos.
Saúde e educação
De acordo com a Fazenda, os valores mínimos dos gastos da União com saúde e educação passarão a ser corrigidos pela variação da inflação do ano anterior. O governo, no entanto, deixou claro que é prerrogativa do Congresso Nacional decidir onde os recursos públicos serão alocados, respeitando esse novo piso constitucional, caso a PEC seja aprovada.
Ficam de fora do alcance da PEC as transferências constitucionais a estados, municípios e o Distrito Federal e os créditos extraordinários, além das complementações ao Fundeb, despesas da Justiça Eleitoral com as eleições e as despesas de capitalização das estatais não dependentes.
As regras valem para os gastos totais da União, incluídos os Poderes Legislativo (inclusive o Tribunal de Contas da União) e Judiciário, além do Ministério Público da União e Defensoria Pública da União.
Descumprimento
Quem extrapolar os limites estabelecidos ficará proibido, no exercício seguinte, de conceder aumentos a servidores públicos. A ressalva fica por conta de sentença judicial ou determinação legal anterior à PEC. Fica proibida também a criação de cargos, emprego ou função, alterações na estrutura de carreiras e a realização de concurso público que gerem aumento de despesa.
Outra proibição é contratar pessoal, a não ser em caso de reposição decorrente de aposentadoria ou morte de servidores.
A PEC foi apresentada pelo presidente interino Michel Temer e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta manhã, a cerca de 30 parlamentares da base aliada do governo na Câmara dos Deputados e no Senado. Estavam presentes também o ministro interino do Planejamento, Dyogo Henrique Oliveira, e os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima.
Segundo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, “a despesa pública no Brasil tem crescido de forma insustentável”.
“Outras medidas virão para o aumento de produtividade e crescimento”, disse Meirelles destacando que há outras discussões no governo sobre o controle das despesas públicas, como a reforma da previdência, e que incluirão o Brasil em um grupo de países que gastam dentro das limitações das receitas. Segundo ele, é importante procurar a qualidade nos gastos e controlar a evolução da dívida, além de trazer a confiança dos agentes econômicos para estimular a produção e a renda.
Ele evitou comentar sobre a tramitação da PEC antes da votação final do processo de impeachment. “Ouvimos as observações e respeitamos qualquer opinião sobre a conveniência de tramitação da PEC. Quanto mais rapidamente for votada, melhor e mais rapidamente teremos o crescimento da economia brasileira. Não me cabe ficar discutindo com líderes do Congresso sobre o melhor rito. Segundo o líder do governo na Câmara dos Deputados, André Moura, que participou da apresentação das medidas, a tramitação na Câmara dos Deputados deve levar de 60 a 90 dias."

Nenhum comentário:

Postar um comentário