22 de abril de 2020
Cara e coroa:
as duas faces de
uma moeda
Fontes: BBB News / O Estado de S, Paulo / Folha de São Paulo / O Globo / Veja-Abril / Isto É /
Jornal de Brasilia / Correio Braziliense
Jornal de Brasilia / Correio Braziliense
Domingo, 19 de abril.
Na manhã desse dia, ao longo do continental território brasileiro, milhares
e milhares de profissionais da Saúde dedicavam-se à luta de preservar as vidas
de seus conterrâneos vitimados pelo novo coronavírus, como o fazem,
invariavelmente, todos os dias, todas as horas, todos os minutos, todos os
segundos, não se importando seja noite ou seja dia.
À esses abnegados, caberia o rótulo de bons samaritanos, no mínimo.
À esses abnegados, caberia o rótulo de bons samaritanos, no mínimo.
Essa é uma das face da moeda.
Médicos cariocas em pleo domingo com paciente com coronavirus - Foto: Arquivo / Pref. do Rio |
Médicos socorristas e enfermeiras em pleno domingo transportam paciente com coronavírus - Foto: Globo/G1 |
Essa é uma das face da moeda. Vejamos a outra.
Domingo, 19 de abril, Dia do Exército. Na manhã desse dia, em algumas cidades brasileiras, alguns “gatos pingados” carregavam faixas e berravam palavras de ordens de “Intervenção militar com Bolsonaro no poder”: ou, “Fechamento do Congresso e do Supremo”; ou, "AI5, já!” E, por aí afora.
Manifestação no Dia do Exército - Imagem: Jornal de Brasília |
Para todos esses atos realizados em algumas cidades brasileiras, e da forma como foram realizados, não caberia outro rótulo senão o de Protesto Antidemocrático. Já no caso do realizado na Capital Federal, notoriamente pelo local escolhido, o rótulo seria um só: GOLPE ÀS INSTITUIÇÕES.
Bolsonaro discursa para manifestantes - Imagem: Globo / G1 |
O “presidente”, neste caso, é a figura grotesca de um
capitão reformado que, nas eleições de 2018, foi guindado ao Palácio do Planalto como
repulsa de uma parcela da sociedade à ROUBALHEIRA
DO LULISMO.
Desde então, tem se destoado do cargo para que foi eleito, seja pela
instabilidade emocional. seja em função da sua mediocridade intelectual e administrativa,
Em decorrência dessa sua aberrante fragilidade,
o “governante” Bolsonaro, tem uma necessidade constante
de auto-afirmação, de demonstrar para si
mesmo, que é ele que tem o COMANDO, que
tem o PODER ABSOLUTO. Bem por isso, se o espelho lhe aponta um ministro, ou um simples auxiliar, mais popular que ele, o alerta vermelho do medo de perder o comando do seu desvairado barco é ativado. E, em sua paranoia, chuta para fora o seu pretenso ameaçador que poderá vir entornar o pote de sua desmedida SEDE DE PODER.
O poder que Bolsonaro quer
Em meio ao repúdio unânime das instituições à
sua participação numa manifestação de
caráter golpista, Jair Messias Bolsonaro defendeu-se dizendo que “falta um pouco de inteligência para aqueles
que me acusam de ser ditatorial” . Segundo ele, “o pessoal geralmente conspira para chegar ao poder, mas eu já estou no
poder, mas eu já sou presidente”. E
concluiu: “Então eu estou conspirando contra quem, meu Deus do céu?”
De fato, Bolsonaro já está no poder, conferido a
ele no pleito de 2018. A questão é que
ESSE PODER, BOLSONARO NÃO QUER, não porque, no fundo, sabe que não tem a menor
ideia de como exercê-lo, tamanho é seu despreparo, mas PORQUE É UM PODER
REGULADO PELA CONSTITUIÇÃO e limitado pelos freios e contrapesos
institucionais.
“Um presidente pode muito, mas não pode tudo”, como disse o ministro
do STF, Celso de Mello, ao criticar a convocação, feita por Bolsonaro, de protestos contra o
Congresso, em fevereiro.
Ou seja, já naquela ocasião, Bolsonaro deixava explícito que não
pretendia se submeter aos controles constitucionais.
Bolsonarofaz convocação para manifestação em fevereiro de 2020 - Foto: Divulgação Correio Braziliense |
Bolsonaro discursa para manifestantes em Brasília - Imagem: Divulgação Veja / Abril |
Depreende-se que o “governante” Bolsonaro almeja presidir um REGIME PLEBISCITÁRIO, em que a voz do
que ele chama de “povo” se impõe como lei, tendo-se o presidente como
zeloso intérprete, submetendo todos os
demais poderes a seu tacão.
O regime que Bolsonaro
almeja, portanto, é aquele exercido sem
que tenha de prestar conta às demais instituições democráticas ― que
permanecem em funcionamento, mas sem condições objetivas de cumprirem suas
funções.
Que regime é esse tão almejado pelo
Bolsonaro?
Nem é preciso ir muito longe no tempo e no espaço, para encontrar exemplos de um regime almejado por quem tem obsessões absolutistas ― A VENEZUELA DO DITADOR HUGO CHAVES é o caso mais bem acabado de uma autocracia construída sem a necessidade de um golpe formal.
Não deve ser mero acaso
que em 1999, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, e motivo de reportagem da revista Veja (edição de 12/12/2017), o então deputado Bolsonaro
tenha rasgado elogios ao caudilho venezuelano, dizendo que Hugo Chaves, “uma esperança para a América Latina”,
faria “o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com
muito mais força”
Como
ensinou o caudilho Hugo Chaves, a construção do poder discricionário
demanda uma democracia de fachada,
com eleições regulares e Parlamento em funcionamento, enquanto as estruturas
democráticas vão sendo carcomidas. A IMPRENSA É SUFOCADA, e a OPOSIÇÃO É CONSTRANGIDA pela
máquina de destruição de reputações. Já o Judiciário é tomado por governistas,
transformando-se em pesadelo dos dissidentes do regime. Assim, estão dadas as
condições para que a Constituição se
torne simplesmente em letras mortas.
Bolsonaro - Foto: Sérgio Lima / Poder 360 |
É evidente que tal predisposição bolsonarista; que tal empreendimento, seja barrado já em seus primórdios.
O CONGRESSO está fazendo sua parte quando impede o Jair Messias
Bolsonaro de aprovar medidas inconstitucionais, e quando, por intermédio da criada Comissão Parlamentar Mista de Investigação das Fakes News, investiga a
militância virtual bolsonarista que atua febrilmente para constranger os
opositores do governante Bolsonaro.
Ministro Dias Toffoli (Presidente STF), Senador Davi Alcolumbre (Presidente do Congresso, Rodrigo Maia (Presidente da Câmara dos Deputados - Imagem: BBC News |
Ministro Alexandre de Moraes - Divulgação: Veja / Abril |
Reação das Forças Armadas
Militares e Bolsonaro - Foto: Divulgação BBC News |
Para os generais A GUERRA A SER VENCIDA hoje
NÃO É CONTRA OS INIMIGOS que Bolsonaro & Cia. Inventam todos os dias, mas
CONTRA O CORONAVÍRUS.
Mas
a guerra de Bolsonaro & Cia., já está mais do que claro, como foi exposto
em parágrafos anteriores: É CONTRA AS INSTITUIÇÕES DA REPÚBLICA e contra a
maioria absoluta dos brasileiros, afrontados por um “governante” que só se importa com o poder
Escapando pela tangente, como um bom dissimulado “cara de pau”
Bolsonaro - Foto: Divulgação Jornal de Brasília |
O “governante” Bolsonaro foi alertado que
sua participação no ato de domingo, COVOCANDO AO FECHAMENTO DO CONGRESSO E DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, não apenas causou repúdio ― e tirou o foco do
combate à pandemia do coronavírus ― como expôs as Forças Armadas a situação
constrangedora. Em várias reuniões a
portas fechadas, militares pediram a Bolsonaro que recuasse e mudasse de tom.
Após ser alvo de fortes críticas, o “governante” Bolsonaro se reuniu com vários ministros do governo, e não só com
o núcleo militar. “Onde foi que eu errei?” perguntava.
No outro dia, ao sair do Palácio da Alvorada,
ele repetiu a indignação, diante de apoiadores e jornalistas. E, como o “cara de
pau”, como o dissimulado interesseiro que sempre foi, disse: “No que
depender do presidente Jair Bolsonaro, democracia e liberdade acima de tudo”.
E, sem um pingo de vergonha em suas faces
lavadas, tentou culpar a imprensa por vincular sua presença na manifestação em
defesa de um novo AI-5, e de um golpe no País.
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