Jornal O Estado de S.Paulo
17
de junho de 2019 | 16h13
(Imagens por este Blog)
Efeito dominó:
quem já caiu no governo Bolsonaro
Seis ministros e chefes de empresas
públicas e órgãos ligados à administração federal caíram até agora
Em menos de seis meses de governo, seis chefes de
ministérios, empresas públicas e órgãos ligados à administração
federal deixaram ou foram demitidos no governo Jair Bolsonaro. Joaquim Levy é o caso mais recente.
Após críticas públicas do presidente, ele pediu demissão do comando do BNDES. Relembre os casos:
Gustavo Bebianno, ex-Secretário Geral da Presidência
Acusado de de supostas irregularidades em campanhas eleitorais do PSL,
mesmo partido do presidente, Gustavo Bebianno teve sua exoneração publicada no dia 19 de fevereiro no Diário Oficial da União. Coordenador da campanha de Bolsonaro
em 2018, ele presidiu a legenda durante as eleições e era o responsável legal
por repasses para candidaturas pouco competitivas em Pernambuco, que
ficaram conhecidas como candidaturas laranjas. O presidente Bolsonaro
pediu investigação do caso.
A crise no governo cresceu quando o vereador Carlos Bolsonaro, filho do
presidente, chamou Bebianno de mentiroso, declaração que foi reafirmada pelo
próprio Bolsonaro, que ficou ainda mais irritado e decidido a
demiti-lo ao saber que o então chefe da Secretaria-Geral teria mostrado a
amigos arquivos de áudio com a voz do presidente ordenando que Bebianno
suspendesse uma viagem ao Pará, além de outras conversas.
Ricardo Vélez Rodríguez, ex-ministro da Educação
Vélez enfrentava uma crise que vinha desde a posse de Bolsonaro, com
disputa interna entre grupos adversários no MEC, medidas contestadas, recuos e
quase 20 exonerações no ministério. Antes da demissão, Bolsonaro chegou a afirmar que o
ministério “não estava dando certo” com Vélez.
Em março, surgiram as primeiras informações de uma disputa interna entre o grupo
militar, os de perfil técnico e os chamados “olavistas”, seguidores do escritor
Olavo de Carvalho, considerado guru dos bolsonaristas.
Vélez demitiu alguns integrantes desse grupo mais ideológico, mas
demonstrou sua fraqueza ao ser forçado a mandar embora seus aliados, o então secretário
executivo Luiz Antonio Tozi e o militar Ricardo Roquetti.
As disputas se intensificaram depois que o Estado revelou um e-mail no qual o ministro pedia para todas as escolas do País lerem o slogan da
campanha de Bolsonaro e filmarem as crianças cantando o
Hino Nacional. O Ministério Público Federal pediu explicações.
Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo
O general foi alvo de ataques do escritor Olavo de Carvalho e do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e
integrava o núcleo duro do Palácio do Planalto. Foi o primeiro ministro militar a cair. Santos Cruz deixou a equipe sob desgaste,
após ser criticado pela rede bolsonarista.
A queda de Santos Cruz representou uma vitória da ala olavista do
governo, dos filhos de Bolsonaro e do chefe da Secretaria de Comunicação da
Presidência (Secom), Fábio Wajngarten. O general tinha nas
mãos a chave do cofre da Secom e era ele quem comandava a liberação dos
recursos. Sua posição considerada “linha dura” com a distribuição da verba
incomodava tanto os políticos como a equipe econômica.
Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES
Caso mais recente. No sábado, 15,
Bolsonaro disse estar “por aqui” com o economista e ameaçou demiti-lo caso ele
não suspendesse a nomeação de Marcos Barbosa Pinto – que já tinha trabalhado no
banco como assessor em 2005 e 2006, no governo PT – para a diretoria de Mercado
de Capitais. Após as declarações, Pinto pediu demissão.
Bolsonaro e alguns de seus aliados mais próximos nunca engoliram a
nomeação de Levy. Ele foi secretário de Fazenda no governo de Sérgio Cabral
(MDB-RJ) e ministro da Fazenda no primeiro ano do segundo mandato da
ex-presidente Dilma Rousseff. Levy é a primeira baixa na equipe
econômica.
Franklimberg Ribeiro de Freitas, ex-presidente da Funai
Franklimberg estava há menos de cinco
meses no cargo, quando passou a ser alvo de pressão de ruralistas liderados
pelo secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura (Mapa),
Luiz Antonio Nabhan Garcia. Questionado sobre o assunto, o general disse que a
Funai continua a ser alvo de interesses sem nenhuma relação com a causa
indígena e que estes, mais uma vez, prevalecem no caminho da autarquia ligada
ao Ministério da Justiça (MJ).
Luiz Antonio Nabhan Garcia é amigo
de longa data do presidente Jair Bolsonaro. Presidente licenciado da União
Democrática Ruralista (UDR), passou a ser o principal articulador das mudanças
na demarcação de terras indígenas e licenciamento ambiental envolvendo essas
áreas. Ocorre que o governo não conseguiu manter a Funai debaixo de seu
controle no Mapa e viu a Funai voltar para o MJ, após derrota no Congresso.
Juarez da Paula Cunha, ex-presidente dos Correios
A demissão de Cunha foi anunciada pelo
próprio Bolsonaro na sexta, 14, em café com jornalistas. Ele justificou que o
então presidente dos Correios “foi ao Congresso e agiu como sindicalista”
ao criticar a eventual privatização da estatal e tirar fotos com parlamentares
do PT e do PSOL. “Aí complica”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro informou,
ainda, que convidou o general Santos Cruz para ocupar a vaga, mas adiantou que
não tem o nome do substituto, demitido da Secretaria de Governo,
ministério que cuida, por exemplo, da verba de publicidade do governo.
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