Em editorial, ‘The
Economist’ defende a renúncia de Dilma Rousseff
Para revista,
nomeação de Lula foi tentativa de impedir a Justiça
Foto: André Coelho/Agência O Globo |
Em editorial já disponível na internet e
intitulado “Hora de ir embora”, a revista britânica “The Economist” pede a
saída de Dilma Rousseff da Presidência da República. Segundo a publicação,
Dilma deve renunciar ao cargo após nomear o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para a Casa Civil, no que “parece ser uma tentativa grosseira de impedir
o curso da Justiça”. A revista diz que a saída de Dilma abriria um novo começo
no país.
“Esta publicação tem argumentado há bastante tempo que o sistema
judicial ou os eleitores, e não políticos com interesses próprios, devem
decidir o destino da presidente. Mas a nomeação de Lula por Dilma parece ser
uma tentativa grosseira de impedir o curso da Justiça. Mesmo que não tenha sido
essa sua intenção, esse seria seu efeito”, diz parte do texto.
A publicação, por outro lado, argumenta que continua acreditando que, na
ausência de provas de crimes, o impeachment de Dilma é injustificável. A “The
Economist” afirma que a tentativa de usar as chamadas pedalas fiscais para
justificar o impeachment é um pretexto para retirar do posto uma “presidente
impopular”. Além disso, a ideia de que o Congresso vai ouvir as ruas abriria um
precedente preocupante, já que, segundo a revista, “uma democracia
representativa não deveria ser governada por protestos e sondagens de opinião”.
A “The Economist” lista três alternativas para a saída de Dilma com
fundamentação legítima. A primeira seria mostrar que Dilma obstruiu as
investigações sobre a corrupção na Petrobras. As alegações de Delcídio Amaral,
em delação premiada, ainda não foram comprovadas e a presidente as nega. A
segunda seria uma decisão da Justiça Eleitoral para convocar novas eleições
presidenciais, se descobrir que a campanha de reeleição da petista foi
financiada com propina do esquema de corrupção na Petrobras. Por fim, a
terceira e melhor saída, segundo a revista, é Dilma renunciar.
O editorial também destaca que o vice-presidente Michel Temer, que
assumiria o cargo no caso de renúncia, está envolvido no escândalo de corrupção
na estatal, tanto quanto o PT. Para a revista, uma nova eleição daria aos
eleitores a oportunidade de delegar as reformas a um novo líder.
A “The Economist” ressalta ainda que o Judiciário tem questões a
responder. “Juízes merecem grande crédito por levar grandes empresários e
políticos brasileiro a prestar conta, mas eles têm minado sua causa ao
desprezar as normas legais”, diz o texto. O último exemplo seria a decisão do
juiz Sérgio Moro de divulgar as gravações telefônicas entre Lula e de outros
políticos, incluindo Dilma Rousseff. Por outro lado, a revista rechaça o
argumento dos que defendem o governo de que os “juízes estão encenando um
golpe”.
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