quinta-feira, 2 de junho de 2016

Economia

Parente ressalta legado da Petrobras, mas diz que desafios agora são outros

Novo presidente alega que estatal "foi vítima de uma quadrilha organizada"


O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou a importância do ex-presidente Aldemir Bendine para fortalecer a estatal, durante cerimônia de transferência de cargo realizada na manhã desta quinta-feira (2) no Edifício Sede da Companhia. De acordo com ele, a equipe deve agora aperfeiçoar o trabalho de governança conquistado e se guiar exclusivamente pelo retorno econômico e financeiro. "A busca de sua função social não é excludente e nem se opõe a uma atuação da Petrobras com responsabilidade econômica e financeira. Pelo contrário, andam absolutamente juntas, são gêmeas siamesas."
Em coletiva de imprensa, após a cerimônia de posse, ele apontou que a função social da Petrobras é "explorar, encontrar e colocar para produzir campos de petróleo", para indicar depois que a "busca da função social não pode se dar com prejuízo da responsabilidade financeira e econômica".
O ex-ministro da Casa Civil do governo Fernando Henrique Cardoso também aproveitou para frisar que a Petrobras "foi vítima de uma quadrilha organizada para obter os mais escusos, antiéticos e criminosos objetivos". A "condição de vítima", contudo, apontou, "não pode ser encarada como sinônimo de passividade". 
desafio de assumir a presidência da estatal, para Parente, é um dos maiores de sua vida, junto com a crise do apagão de 2001. Ele recebe a responsabilidade em meio à organização de atos de petroleiros e outros segmentos, contra o que seria um processo de privatização da empresa brasileira. Questionado por jornalistas sobre as críticas, Parente declarou que conhece a resistência das organizações sindicais, e que diálogos serão firmados desde que imbuídos com o mesmo propósito de reconstrução da empresa. "Se eles estiverem com esse espírito, nao teremos nenhum problema em dialogar." 
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O presidente do Conselho de Administração, Luiz Nelson Guedes de Carvalho, que ressaltou na solenidade de transferência de cargo que é amigo pessoal de Pedro Parente, frisou que a estatal não deu uma resposta formal ainda aos petroleiros. "Muito me alegra saber que os petroleiros estão preocupados com os prejuízos da Petrobras, se tivessem esse compromisso há mais tempo [teria sido melhor]."
Uma das estratégias da Petrobras é seguir com o plano de desinvestimentos, mas Parente não quis detalhar os passos que devem ser adotados daqui para frente. 
Petrobras e pré-sal
Pedro Parente defendeu ainda o projeto de lei que retira a obrigatoriedade da participação da Petrobras no pré-sal, aprovado no Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados, o qual apontou como "essencial". Ele defendeu que a lei atual não atende aos interesses da empresa nem do país.
"Com a nossa corrente situação financeira, se essa exigência não for revista, a consequência será retardar sem previsão a exploração plena do potencial do pré-sal. Mas a razão mais relevante tem natureza estrutural: essa obrigação retira a liberdade de escolha da empresa de somente participar na exploração e produção dos campos que atendam o seu melhor interesse", apontou durante a cerimônia.
Parente destacou a trajetória da empresa para conquistar a independência externa brasileira, frisando que hoje o "objetivo é outro". "Não há quem discuta nossa excelência técnica e de seus quadros (...) A descoberta e a produção do pré-sal são o coroamento desses esforços. Mas a Petrobras é hoje uma companhia que não pode se negar a enfrentar com determinação e transparência os problemas que estão a sua frente. A indústria do petróleo passa por transformações produtivas com um mercado global vivendo incertezas."
A cerimônia de transferência de cargo contou com a presença também, na mesa, de Francisco Dornelles, governador do Estado do Rio de Janeiro em exercício, Fernando Coelho Filho, ministro de Minas e Energia, e Hugo Repsol de Jr, que estava como presidente interino e é diretor de Recursos Humanos, SMS e Serviços da Petrobras. A nova presidente do BNDES,  Maria Sílvia Bastos Marques, também compareceu.

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